Historicando

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22 março 2013

O que pertence ao povo


O que está em causa em Portugal não é censurar um governo que nunca existiu.
A urgência em Portugal não é a de baralhar as cartas gastas, para dar de novo. O inadiável em Portugal é permitir que o povo possa transformar a sua revolta em semente política de futuro. Os portugueses têm de ir às urnas para, serenamente, dizerem se querem, ou não, seguir pela estrada de destruição a que conduz a continuação do Ultimato da Troika. O que está em causa, de um lado, é a continuação de um governo de facto, localizado em Berlim e Bruxelas (em Lisboa existe apenas um holograma, vazio de substância), e que está a empurrar a União Europeia para um abismo, onde até a guerra poderá voltar a ser possível. Do outro lado, está o direito de os portugueses reclamarem o que é só seu: a faculdade inalienável de serem a fonte do poder soberano.
Uma votação maciça contra a agonia inútil do programa da Troika será a base de um novo contrato social. Será a nova fonte de legitimidade. O governo que vier ficará vinculado por um mandato claro: só será válido um rumo europeu que proteja e alargue as liberdades constitucionais, que garanta e aprofunde os direitos económicos e sociais, incluindo o direito ao trabalho. Ao votarmos esmagadora e pacificamente contra o Ultimato daremos também um sinal de esperança concreta para os outros povos europeus, incluindo o povo alemão. A democracia foi inventada na Europa clássica. A dignidade da pessoa, na Europa cristã.
A ideia de que a liberdade é mais forte do que a opressão está no ADN da Europa moderna. Um povo que se une na defesa da dignidade humana e dos direitos de cidadania, será o melhor antídoto que Portugal poderá oferecer a uma Europa intoxicada por uma chanceler que bebeu no leite a pedagogia do terror totalitário.
VIRIATO SOROMENHO-MARQUES, Professor universitário
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