Historicando

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26 março 2013

A crise europeia/ 22 de Setembro de 2013


Chipre ameaça constituir o efeito borboleta que provoca um tornado no sistema altamente instável em que se transformou a União Europeia. Sabendo-se que a ilha representa cerca de 0,2% do PIB europeu e que para o seu resgate chegariam 10 mil milhões de euros, a decisão do Eurogrupo de confiscar parte dos depósitos bancários existentes na ilha apresenta-se como apenas justificada pelo desejo de punir o país. Essa obsessão punitiva foi aliás evidenciada pelos ultimatos sucessivos da chanceler alemã ao presidente de Chipre, imediatamente seguida pelo BCE, que ameaçou cortar o financiamento ao país. Para os actuais senhores da Europa, nem a decisão do parlamento de Chipre merece qualquer respeito. Ou o país aplica as exigências da troika ou o seu destino é a bancarrota e a saída do curo.
O que é chocante nisto é o apagamento total das estruturas europeias, que aceitam a total vassalagem dos estados-membros à política alemã, incluindo mesmo as conveniências eleitorais da sua chanceler, nova suserana da Europa. O Parlamento Europeu permaneceu mudo e quedo perante este ataque a um estado-membro, e Durão Barroso, admitindo já não mandar absolutamente nada nesta nova Europa, confessou em
Moscovo ter sido o último a saber. Só Jean-Claude Juncker avisou que, a continuar assim, a crise europeia pode degenerar em guerra. E de facto, tal como há cem anos, parece que se quer preparar o apocalipse.
LUIS MENEZES LEITÃO, Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
http://www.clipquick.com/Files/Imprensa/2013/03-26/0/5_2019895_B9AC478A7951503126DF6354D7F9B797.pdf
A Europa só descansará após 22 de Setembro de 2013. Data das eleições na Alemanha. Até lá a chanceler Merkel fará gato-sapato do espaço europeu para justificar a sua política interna e externa, isto é, tudo vale e fará para agradar aos alemães e conquistar o seu voto nas eleições que terão lugar nessa data. Depois, talvez, tenha um pequeno assomo de dignidade e respeito pela condição social e humana dos povos por si espezinhados, e lhes permita respirarem…