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20 fevereiro 2013
Meter o nariz…
O Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU) e o tráfico de armas são as duas questões centrais do atentado de Camarate, afirmou nesta terça-feira Diogo Freitas do Amaral na X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, a queda de um avião da qual resultou, em 4 de Dezembro de 1980, a morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, do ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, e seus acompanhantes. Um acidente que, desde as conclusões da VIII Comissão Parlamentar de Inquérito, passou a ser considerado por todos os deputados como consequência de sabotagem.
O FDMU, um verdadeiro “saco azul” nascido no tempo do salazarismo para, à margem do Orçamento, financiar a compra de armas para a guerra colonial. Um fundo que, apesar do fim da guerra, em 1974, e das colónias, em 75, continuou operativo. Segundo Freitas do Amaral, que também desempenhou as funções de ministro da Defesa durante 16 meses, entre Setembro de 1981 e Dezembro de 1982, tal fundo tinha uma existência opaca, à margem da estrutura do Governo e na dependência do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
“Não sabemos se o fundo foi extinto”, disse. No entanto, já foi referido que o FDMU chegou a movimentar, através de duas contas bancárias, cerca de 88 milhões de contos, não se conhecendo, contudo, os responsáveis de tais movimentos. A mesma opacidade existiu, nos anos 80 do século passado, na venda de armas ao estrangeiro. Concretamente de quem as autorizava, à margem do escrutínio político dos responsáveis da Defesa e Negócios Estrangeiros. Freitas do Amaral justificou a falta de clareza desta questão pelo momento político de então.
http://www.publico.pt/politica/noticia/freitas-do-amaral-fundo-de-defesa-militar-do-ultramar-e-trafico-de-armas-no-centro-do-atentado-de-camarate-1585037