Hodie mihi, cras tibi. "Artigo 19.° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão." Declaração Universal dos Direitos Humanos
28 fevereiro 2013
'Desde Maastricht que desconfiamos da UE'
Como evoluiu a opinião pública portuguesa, nas últimas duas décadas?
Em alguns aspectos tem revelado uma certa volatilidade. Por exemplo, em relação à economia, muda consoante as circunstâncias, o desemprego, sobretudo. A avaliação que faz do regime político está também ligada a este aspecto. No final dos anos 80, princípio dos 90, estávamos satisfeitos com o regime político, devido ao desenvolvimento económico. Neste momento, o nível de satisfação é o mais baixo. Em contrapartida, houve indicadores que registaram uma mudança lenta, mas sempre na mesma direcção.
Refere-se a quais?
Passou-se no plano dos valores, por exemplo em relação ao lugar da mulher, se deve ser em casa, a educar os filhos, ou no trabalho.
Ou em relação ao casamento homossexual. A opinião pública foi mudando, lentamente, nestas duas décadas, mas sem retrocesso.
Como se vêem os diferentes europeus?
Se «medirmos» a felicidade, o nível de satisfação com a vida é elevado, sobretudo, entre os escandinavos. Nos países do Sul é mais baixo e, nos do Leste, ainda pior. Portugal acompanha os países do Sul, mas, na Grécia, houve um declínio muito acentuado.
O sentimento em relação à UE também mudou com a crise: já não é fonte de prosperidade.
Já tinha mudado antes, desde o Tratado de Maastricht.
Porquê? Foi em Maastricht que se avançou para uma moeda comum. Portugal ia pertencer ao «clube dos ricos»...
Começou a sentir-se inquietação em relação à União Europeia. Deixava de ser um espaço apenas económico, para se tornar numa união que tomaria decisões até aí reservadas aos Estados e que poderia adoptar políticas nada consensuais.
Vinha aí a perda de soberania?
Sim mas não só. Deixava de ser uma entidade para a qual se olhava a pensar apenas em ganhos, que ameaçava, agora, dividir a população entre direita e esquerda, entre opiniões diferentes sobre o papel do Estado.
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