Thilo Sarrazin foi director do Bundesbank e responsável pelas Finanças em Berlim, consultor no Ministério das Finanças federal , economista no Fundo Monetário Internacional, em Washington, membro do conselho de administração da Deutsche Bahn, a empresa de caminhos-de-ferro do país.
Com as eleições nacionais no próximo Outono, a guerra cultural de Sarrazin pode rapidamente estender-se aos debates parlamentares no Bundestag e desafiar a abordagem da chanceler Angela Merkel à crise do euro. Até agora, os legisladores alemães têm demonstrado vontade de dar garantias de resgate aos países europeus debilitados, na condição de estes concordarem em impor austeridade. Porém, a maioria dos alemães está a atingir os limites da sua generosidade. Muitos não se importariam de ver os vizinhos sofrer as consequências da insolvência.
Perante o aumento do preço da energia, aconselhou as famílias de menores rendimentos a vestirem mais camisolas no inverno, em vez de gastarem dinheiro em aquecimento. Em 2009, repreendeu os imigrantes muçulmanos pela sua falta de produtividade económica, declarando numa entrevista: “Não tenho de respeitar ninguém que viva às custas do Estado, que rejeite o Estado, que não suporte a educação dos seus filhos e que constantemente produza novas raparigas de cabeça tapada.” Mais tarde, declarou ao jornal Die Zeit: “Acredito que essa frase foi uma das minhas obras-primas. Desencadeou uma discussão. Era esse o objectivo.”
A má gestão e a indolência eram endémicas na cultura sul-europeia; acrescentava que seria melhor para Berlim sair do euro ou, pelo menos, impor condições mais duras aos seus vizinhos endividados.
Quando lhe perguntam se modificaria alguma coisa nos seus livros, é sucinto: “Só gostava de me ter exprimido de modo ainda mais acutilante.”
“Primeiro, é necessário que os intelectuais façam o trabalho preparatório, declarem que as coisas não vão bem. No século XVIII tínhamos Rousseau. No XIX tivemos Marx. No século XX foram os fascistas.”
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