Em 1992 segundo o desenho financeiro previsto, a ponte seria construída a custo zero para o Estado… Sabemos hoje que o Estado desembolsou 847 milhões de euros com a construção de uma ponte que custou à Lusoponte 644 milhões! O que eu não sabia, nesse dia distante do verão de 1992, era que estava a assistir ao nascimento das famosas parcerias público-privadas (PPP), que correspondem, no plano interno, ao que a política da chanceler Merkel realiza na escala europeia. Uma dívida pública incomensurável (com PPP e swaps) combina-se toxicamente com uma Zona Euro da austeridade perpétua: o resultado é a transformação de um país, que ainda há menos de 40 anos tinha um império sem democracia, numa colónia, com uma democracia para metecos.
Quem tenha lido o lúcido ensaio de 2010, da autoria de Carlos Moreno, sobre o tema das PPP, já pode adivinhar o resultado dos inquéritos em curso: uma iniciativa tão publicamente danosa, mas que junta governos de Cavaco, Guterres, Barroso e Sócrates, só pode concluir pela habitual inconclusividade.
A nossa democracia tem sido governada por uma dispendiosa inocência.
Na impossibilidade de uma escrupulosa competência, apetece ansiar por algum dolo, mas que fosse bem mais barato para as finanças públicas.
VIRIATO SOROMENHO-MARQUES, Professor universitário
http://www.clipquick.com/Files/Imprensa/2013/06-21/0/5_2063702_E128BCE661EAD341B9C850682FA3EC19.pdf