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11 abril 2013

Ribeiro Telles – “Nobel” da arquitectura paisagista


O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi esta quarta-feira distinguido com o Nobel da Arquitectura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, pela federação internacional do sector.
O prémio, segundo a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP), "representa a maior honra que a Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA) pode conceder e reconhece um arquitecto paisagista, cuja obra e contribuições ao longo da vida tenham tido um impacto incomparável e duradoiro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão de Arquitectura Paisagista".
"É um momento muito importante para Portugal. O grande reconhecimento que é devido a este homem, único, vem de fora, dos seus pares internacionais", diz a arquitecta paisagista Aurora Carapinha ao PÚBLICO, que organizou a homenagem a Ribeiro Telles que teve lugar na Fundação Gulbenkian em 2011. "É um homem único não só pela forma como exerceu a profissão, mas também pela sua dimensão humanista, pela partilha do conhecimento."
O filósofo e ambientalista Viriato Soromenho Marques lembra-se de ver Gonçalo Ribeiro Telles na televisão em 1967, a falar sobre as cheias em Loures que mataram 500 pessoas. O impacto das palavras do arquitecto paisagista foi grande, porque Ribeiro Telles foi directo: na origem daquelas mortes estava a construção em cima de um leito de cheias. “Era pouco habitual ouvir alguém fazer críticas na televisão naquela altura.” Hoje, sabendo da distinção atribuída pela IFLA, não hesita em dizer que “o que é duradouro não é o moderno, é o clássico - e Ribeiro Telles é um clássico”.
O arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, de 90 anos, volta aos temas que lhe são próximos: a ligação da tecnologia e urbanismo, a ideia de “paisagem global” que cunhou em 1990,  à “modernidade como junção tanto de rural quanto de urbano”. E presta tributo a Francisco Caldeira Cabral, o pioneiro da arquitectura paisagística em Portugal, para falar da missão destes profissionais na humanização da natureza e como, no fundo, “um fabricante de paisagem”.
São da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projectos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa. Gonçalo Ribeiro Telles também é autor dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto (Prémio Valmor de 1975), e dos projectos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico, entre outros.
Este galardão, é considerado o “Nobel” da arquitectura paisagista. Nascido em Lisboa a 25 de Maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitectura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, na capital portuguesa, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da disciplina em Portugal, no século XX.
http://www.publico.pt/cultura/noticia/goncalo-ribeiro-telles-distinguido-com-premio-da-arquitectura-paisagista-ifla2013-1590761#/0