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06 abril 2013
Paraísos fiscais: Eles juram que não são iguais mas partilham os sintomas do Chipre
São paraísos fiscais e estão na ribalta pelos piores motivos: teme-se que sejam novas vítimas de sistemas financeiros desproporcionados.
Luxemburgo.
A banca luxemburguesa tinha, no final do ano passado, activos 22 vezes superiores ao PIB; no Chipre, a proporção é de 7,1 vezes mais. O Luxemburgo rejeita comparações: "a saúde da banca não se mede pelo tamanho". E sublinha a diversidade do seu sistema financeiro: os 141 bancos de 26 países presentes no Grão-Ducado têm rácios de solvabilidade (core tier 1) de 18% - o BCE impôs um mínimo de 10%. "A banca não é a maior contribuinte, é a própria economia do país", garante.
Malta.
O Estado membro mais pequeno tem uma grande semelhança com o Chipre: a banca é oito vezes maior que o PIB. Em tudo o resto é diferente: é robusto e gerido de forma conservadora. "Parte dos problemas do Chipre vem de investimentos em obrigações gregas; nós temos muito pouca exposição à dívida de países intervencionados", disse à Reuters Josef Bonnici, governador do Banco Central de Malta. E os dois bancos dominantes, HSBC Malta e Bank of Valletta, são muito lucrativos.
Eslovénia.
Os juros da dívida bateram o recorde de 6,25%, na quarta-feira, com receios de que a Eslovénia possa ser o próximo a precisar de um bailout – a economia caiu 2,3% no ano passado e deve manter-se negativa (-2%). A primeira-ministra, Alenka Bratusek, garante que o país conseguirá resolver sozinho os problemas. "Os nossos bancos são fiáveis, os depósitos estão seguros e o governo garante-os. Não há comparação", disse. Mas admite que a solução para equilibrar as finanças pode passar por mais impostos. A principal preocupação são os bancos, fortemente participados pelo Estado e cuja lista de clientes inclui empresas públicas em dificuldades. A prioridade é recapitalizar a banca e esconder os activos tóxicos num bad bank - com custos de 4 mil milhões de euros.
Letónia.
Candidata a entrar no euro, é apontada como o próximo Chipre, não porque esteja muito endividada ou tenha um sistema bancário demasiado grande, mas pela quantidade de dinheiro de estrangeiros que tem nos seus bancos. A maioria veio da vizinha Rússia: metade dos 12,5 mil milhões de lats em depósitos bancários. A Letónia também foge à comparação: a banca é só 1,3 vezes maior que o PIB, contra as 7,1 vezes no Chipre e o regulador é exigente, especialmente nas regras de capitalização. Mas os alarmes já dispararam. Os depósitos de estrangeiros cresceram 17% no ano passado; os de residentes apenas 9%.
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO129822.html?page=2