Historicando

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18 abril 2013

Surreal – Não há moeda única nenhuma


Até que ponto se tornou surreal a fractura interna na zona euro entre países do euro forte (no Norte) e os periféricos, do euro fraco?
A Alemanha foi aos mercados para colocar 3500 milhões de euros de dívida pública a 6 meses. Qual foi o preço que teve de pagar aos credores? Mera aritmética: à taxa de juro de 0,0002%, isso dá 7 mil euros ao ano, ou 3500 euros a 6 meses. Meros trocos... Em meados de Maio, Portugal irá igualmente aos mercados para colocar uma quantia ainda desconhecida de Bilhetes do Tesouro a 6 meses. Tendo em conta as rendibilidades recentes das várias maturidades, os credores não deverão andar longe de exigir 1% de juro. Se a emissão fosse do mesmo montante da alemã, custaria aos contribuintes lusitanos 35 milhões de euros/ano, ou 17,5 milhões a 6 meses: 5 mil vezes mais do que à Alemanha!...
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO139895.html
A conta fê-la António Perez Metelo esta semana. É verdadeiramente assustador: a Alemanha pediu 3,5 mil milhões de euros emprestados (a seis meses) e pagou 7500 euros de juros. Portugal por um empréstimo igual paga 35 milhões de euros. É uma diferença assustadora: de 7500 euros para 35 milhões. Não há moeda única nenhuma, não é possível às empresas portuguesas serem competitivas perante esta desigualdade no acesso ao crédito. Porque se o Estado paga esta enormidade para se financiar, acontece o mesmo às empresas. Além da austeridade, é este o garrote que sufoca a economia nacional e a impede de reagir. Nem tudo é responsabilidade do governo ou do excesso de austeridade. As condições de financiamento do país são hoje absolutamente impossíveis. Passos Coelho tem de atacar publicamente esta desigualdade injustificável, como fez esta semana o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy – que até pediu ao Banco Central Europeu que fosse mais interventivo para ajudar a zona euro a sair da recessão.
Ponto final:  A moeda é comum, mas as condições de financiamento estão completamente adulteradas.
http://www.dinheirovivo.pt/Artigo/CIECO139908.html?page=3