Historicando

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19 abril 2013

PS – 40º aniversário, que caminhos existem para o PS?


Encontrar um projecto que responda aos interesses da classe média e que reinvente a proposta de sociedade da ideologia social-democrata é o caminho por onde parece passar o futuro do PS, que hoje celebra o seu 40. ° aniversário.
No momento em que assinala quatro décadas de vida, o PS vive uma encruzilhada em que a indefinição do caminho a seguir está condicionada pelo momento em que vive, onde se misturam vários tipos e níveis de crises.
No imediato, o partido liderado por António José Seguro vive na contingência de, como partido não só do sistema mas também de poder, ter de dar resposta política à crise financeira, económica e social que assola o país.
Mas o PS, que hoje faz 40 anos, passa também por uma profunda crise ideológica que há décadas ataca os partidos sociais-democratas e socialistas democráticos, invadidos que foram pelo pragmatismo pós-moderno e pelo neoliberalismo. Em terceiro lugar, surge como pano de fundo deste momento na vida do PS a crise geral da democracia representativa, que agrava a perda de credibilidade de qualquer partido clássico de poder.
O PS é um partido de Governo, nunca ensaiará ser um partido de protesto, e a maior parte da sociedade portuguesa sabe que o PS é um partido moderado liberal de esquerda, que é a tendência da maioria dos partidos sociais-democratas, que são partidos dispostos, perante o ajustamento e a globalização, a reformar o Estado social, a obedecer à dimensão da economia de mercado.
Para que haja uma real alternativa há que reinventar conceitos e romper com a linguagem ultraliberal. Não é com a linguagem ultraliberal que se combate o ultraliberalismo.
Do ponto de vista do PS, há que estruturar mais as propostas: já é claro que há uma outra maneira de fazer as coisas, mas não há propostas sólidas.
O PS deve participar no esforço europeu de pensar a sociedade, o indivíduo, o trabalho. E voltando a conceitos caros à esquerda que foram reescritos pelo neoliberalismo.
"Se olharmos para o Sul da Europa, vemos que os sistemas representativos perderam credibilidade, os actores políticos enterram-se com as instituições. Têm falta de capacidade de mobilização por ausência de capacidade de convicção. A excepção é o PCP e junto dos militantes mais antigos.
Há hoje uma reorganização da classe financista, embora a actual crise seja a falência da financialização do capitalismo, classe financista, essa, que apesar de não ter oposição falhou estrondosamente. Mas ao não haver oposição nem resposta, o cidadão comum está abandonado.
O poder financeiro continue a dominar o sistema político, e em que o sistema económico e político é dominado pelas elites alargadas do sistema financeiro. Quem está a ser esmagado, a quem está a ser retirado os recursos para que haja reposição do capital financeiro, é a classe média. A classe média está a substituir o conceito clássico de trabalhadores e de massas. Assistimos à proletarização da classe média e ainda não se percebeu o que será a reclassificação e a reorganização da oposição à elite financeira.
Isto torna inviável a democracia representativa, assistimos a uma polarização que impede a representação política.
O PS é um partido que vive das classes médias, pelo que tem de saber resgatar a sua base de apoio. Nesse sentido, o problema do PS é que este partido ainda não se radicalizou na assunção de que, perante uma política radical do neoliberalismo, é preciso uma mudança radical que responda aos interesses das suas bases que são a classe média.
Um projecto alternativo tem de mobilizar as classes médias, por muito que isto possa parecer uma heresia perante a análise política clássica. O PS não tem ainda uma clara noção de que tem de apresentar um projecto de alternativa que responda não só aos interesses dos excluídos mas também aos da classe média.
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