Historicando

Historicando
historicando@gmail.com

09 abril 2013

Pomos a Europa em xeque ou a Alemanha dá-nos xeque-mate?


Chegou a hora da chantagem, aberta e descarada, contra Portugal. Após o chumbo parcial do Tribunal Constitucional ao Orçamento de Estado, a resposta das instituições internacionais, com a Alemanha à cabeça, vai ser apertar o garrote.
O odioso ministro alemão das finanças, o demónio que se transformou em líder espiritual do novo pesadelo europeu, já veio dizer que Portugal terá de encontrar alternativas aos cortes chumbados pelo TC. Bruxelas, na mesma linha, segue a voz dos "donos", germânicos, da Europa. O FMI ainda não disse nada mas também não conta.
Não tem voz própria. É verbo-de-encher que seguirá os ditames de Berlim-Bruxelas. Diga-se até, em nome da justiça, que o FMI, rosto histórico da ingerência usurária nos países moribundos, é até, actualmente, um "menino de coro" quando comparado com os colegas da troika.
A abrir a vaga de ameaças que se adivinha, já se ouviu dizer que a resposta do pedido de mais tempo feito por Portugal fica pendente e a chantagem ficará completa quando, muito em breve, a troika informar Lisboa que não haverá transferência da tranche de quase três mil milhões, que estava prevista ainda para este mês, enquanto não houver Orçamento Rectificativo.
Depois da Grécia e do Chipre, o "fogo amigo" desta Europa raivosa vai voltar-se novamente para nós. E qual será a resposta?
A resposta do Governo já sabemos qual será. Submissão e prolongamento da agonia até ao sufoco total.
A resposta que deveria ser é outra bem distinta. Reacção. Pela nossa vida e dignidade temos o dever de responder, o direito de resistência.
É mais que hora de Portugal pôr em causa o euro, colocar em xeque a Europa. É a única forma de mexer com os poderosos da Europa, de conquistar o nosso poder negocial.
É a única maneira de fazer ver que queremos cumprir mas o plano terá que ser razoável e não esta loucura criminosa.
Como dizia ontem o Professor Viriato Soromenho-Marques, "o Governo Merkel já mostrou que não percebe a força das razões. Seria necessário mostrar-lhe as razões da força em favor dos interesses europeus comuns".
À chantagem que se adivinha contra Portugal, devemos responder com a devida proporcionalidade, porque somos membro de pleno direito da União Europeia, porque ainda somos um Estado soberano, porque ainda temos dignidade.
Esta é a ultima oportunidade para Passos Coelho bater o pé, promover a união entre os países da periferia da Europa - Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha, Chipre e quiçá Itália precisam de realizar uma cimeira urgente - e recolocar a Alemanha no seu devido lugar. Ou o primeiro-ministro faz isso agora ou confirma o que diz Soromenho-Marques: "Em Lisboa, mas também em Madrid, Paris e Roma, parece não existir um único estadista".
FRANCISCO ALVES RITO
http://www.clipquick.com/Files/Imprensa/2013/04-09/0/5_2027579_CE859BD3A2B4FB4BC2F94902FA97D13F.pdf