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26 abril 2013

Ramalho Eanes: o julgamento dos governos deve ocorrer todos os dias e não de quatro em quatro anos


Na sessão solene alusiva às comemorações do 39º.aniversario do 25 de Abril no Centro Cultural de Lagos, o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, apelou aos partidos políticos para que "debatam com urgência e com a sociedade civil as reformas do Estado", sobretudo ao nível das prestações sociais, da Saúde e da Educação. E, em jeito de recado, considerou que o julgamento dos governos deve ocorrer "todos os dias e não de quatro em quatro anos".
O general Ramalho Eanes, primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril de 1974, apelou, em Lagos, aos partidos políticos para que "debatam com urgência e com a sociedade civil as reformas do Estado, essencialmente ao nível das prestações sociais, da Saúde e da Educação"; orientem o interesse público, "tornando-o potenciador do desenvolvimento e com efeito mobilizador da economia" e "mantenham uma coligação sistemática" junto das populações, "sobretudo ao nível das grandes decisões" que impliquem "análise de impacto orçamental".
"Urge fazer grandes opções e fazê-las com urgência, determinação e acerto; urge encetá-las com competência e com participação mobilizada da sociedade civil. E assim importa sobretudo que os partidos políticos, indispensáveis à democracia, respondam ao divórcio que vem ocorrendo entre eleitores e eleitos. O sacrifício que o povo português tem até agora suportado com paciência impõe melhorar o nosso contrato social", defendeu Ramalho Eanes, que presidiu, na quinta-feira, à sessão solene integrada nas comemorações do 39º. aniversário do 25 de Abril, no auditório do Centro Cultural de Lagos, promovida pelos órgãos autárquicos do concelho.
Depois de lembrar que, em 2010, a dívida das famílias portuguesas "representava cem por cento do PIB" (Produto Interno Bruto), "as empresas não financeiras 145 por cento e as administrações públicas 80 por cento, ao passo que a média da União Europeia era de 65 por cento, cem por cento e 80 por cento", respectivamente, o antigo Presidente da República considerou que "tempo nesta crise que nos assola é coisa que não podemos desperdiçar".
Por outro lado, e após insistir na necessidade de transparência, ética e valores em política, Ramalho Eanes, em jeito de recado, fez notar que "se porventura um Governo promete tudo e depois não faz nada; se promete tudo e faz o contrário; se nas opções não é evidente, e devia ter sido", e se "não é transparente na execução", embora tenha legitimidade eleitoral, "perde a sua legitimidade política". "E quando se perde a legitimidade política, perde-se a confiança", observou o ex-Chefe do Estado, para quem tal poderá criar uma "crise social". Essa situação, acrescentou, "noutros países levou inclusivamente à substituição de governos. Temos aquilo que aconteceu na chamada Primavera Árabe". E aproveitou para preconizar que o julgamento dos governos deve ocorrer "todos os dias e não de quatro em quatro anos".
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3186690