Corrupção significa etimologicamente deterioração, quebra de um estado funcional e organizado.
Em Portugal até temos um Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC), cujo Presidente é o Dr. Guilherme d'Oliveira Martins.
A corrupção é o grande ‘cancro’ de Portugal.
Mina tudo, e começa cedo. Desde a escola, quando se desvaloriza a importância, o papel, o estatuto dos técnicos altamente preparados que diariamente lidam com os seus ‘rebentos’. Porquê? Porque se tem a ideia peregrina que não vale a pena o esforço, o estudo, a dedicação, o cumprir regras, porque pensam que mais tarde eles (os papás) arranjarão uma boa saída profissional para os seus queridos ‘rebentos’ sem precisarem da escola para nada! E depois conhecem o ditado popular: árvore que nasce torta, nunca se endireita! Continuam pela vida fora na base dos arranjinhos, cunhas, favores, pedidos, cumplicidades, pressões ilegítimas, corrupção.
Os favores, pequenos ou grandes, não passam de corrupção. São os favores para o emprego, para a promoção, para os lugares lucrativos (e depois ainda se queixam dos judeus) onde há fartura de horas extras, de deslocações pagas, são os pedidos para a habitação (normalmente às Câmaras), os pedidos às creches, os favores nas oficinas (objectivo: ‘fintar’ o Estado, as seguradoras), na marcação de consultas nos centros de saúde e hospitais (quando apareceram as taxas moderadoras os caríssimos concidadãos desapareceram. Isso é que era doença…), a esperteza assumida das ‘baixas’ fraudulentas, pois estão doentes para um sítio mas óptimos de saúde para outros sítios…
Como em todas as coisas há defensores e detractores. Até aqui tudo bem. Já não está bem, tipo gato escondido com o rabo de fora, quando estão fortemente comprometidos com uma das partes, mas calam-se, fingem não ter nada a haver ou lucrar com a situação, e estão só a dar uma opinião isenta, livre, justa, democrática… O ‘tanas’! Tinham de apresentar declaração de interesses antes de se pronunciarem. Não o fazendo é mais uma forma de corrupção!
Corrupção não é só envelopes cheios de dinheiro vivo. Quando o recurso à ‘cunha’ é o prato nosso de cada dia, o país num todo está em processo de gangrena, de decadência.
Um país que se ri do esforço, trabalho, dedicação, seriedade, chamando ‘totós’ a quem ainda o pratica, tem o destino que merece.
Um país que aplaude a ‘chica-espertice’ em detrimento da inteligência, só merece calamidades. Num país assim não se caminha em linha recta, procuram-se atalhos!
Pobre país que voltou costas ao sector primário, deslumbrado com a terciarização, onde não passamos de meras figuras secundárias, de meros replicadores dos sucessos de outrem, onde nos quedamos nos últimos lugares em inovação, criação, registo de patentes, publicação de artigos científicos, mas somos assaz sagazes em produtos bancários e outras ‘tretas’ que tal…
Nestes últimos 37 anos fomos governados por pessoas sem visão, sem desprendimento, que chegam rotos e partem cheios…. Gente que só se preocupa com a parte e não com o todo, facciosos, de ideias feitas, pretensamente dialogantes, emproados, que olham o povo com sobranceria, desdém.
Não se seja ‘naif’ nem masoquista, o problema da corrupção está disseminado por toda a parte. Os países ricos do Norte também a têm. Só que a percentagem de corrupção são controlável, assimilável e não hiper danosa como em Portugal.
Definitivamente “Portugal não é um país, é um sítio! Ainda por cima muito mal frequentado!” – Eça de Queiroz.