Historicando

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20 julho 2013

Falhou o "compromisso de salvação nacional"

Após cinco dias de negociações e oito reuniões, os partidos do arco do poder não conseguiram chegar a um "compromisso de salvação nacional" pedido pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
Em declaração ao país, o líder do PS afirmou que os dois partidos da maioria inviabilizaram o "compromisso de salvação nacional". "Parar com os cortes de 4,7 mil milhões de euros acordados entre o Governo e a troika na sétima avaliação, nomeadamente, parar com os despedimentos na função pública, com mais cortes nas pensões actuais, com a 'contribuição de sustentabilidade do sistema de pensões' e com a redução de vencimentos" eram algumas das medidas defendidas pelos socialistas.
Afastemos a poeira e a lama onde vivemos. Imaginemos o que poderia ser um acordo de "salvação nacional", a assinar entre os três partidos que responderam ao imperativo do Presidente da República.
PRIMEIRO. Teria de ser um acordo essencialmente para uso negocial (o uso doméstico, embora importante, seria secundário). Não com a "troika", mas com quem nela manda.
Teria de ser dirigido ao directório (Berlim e Bruxelas), e ao topo do FMI, em Washington.
SEGUNDO. Não poderia abordar de modo egoísta os males de Portugal. Teria de ser rigoroso, explicando que, apesar e por causa de Lisboa ter sido uma"boa aluna" da austeridade, o desastre social e económico em marcha só pode ser imputado à receita estratégica que nos foi imposta, e esta deve, por isso, ser mudada. Não só para bem de Portugal, nem só dos países intervencionados, nem só da periferia, mas para o bem de toda a Zona Euro (ZE), incluindo a Alemanha.
TERCEIRO. O acordo de salvação nacional implicaria uma mudança radical de perspectiva. A clara demonstração de que Portugal ao defender o seu interesse nacional (ausente nestes dois anos de governo) está a defender, igualmente, o melhor interesse comum europeu. Será isto possível? Seria, se não habitássemos na poeira e na lama.