Historicando

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10 julho 2013

Eu fico

Passos Coelho numa entrevista qualificou depreciativamente Paulo Portas como o n.º 3 do governo, atrás de Vítor Gaspar. Na semana passada Portas quis dar uma lição a Passos Coelho perante todos os portugueses, em directo e a cores. Mostrou-lhe que Gaspar podia perfeitamente ir-se embora, sem que nada se passasse, mas que, se ele saísse, o governo acabava. Perante a confusão que se gerou, Passos Coelho percebeu que tinha de segurar Portas a todo o custo, mesmo sacrificando o peso do PSD no governo. Cedeu assim a Portas até ao limite do imaginável. Não apenas entregou as pastas principais do governo aos ministros do CDS como abdicou da sua coordenação, transferindo-a para Portas, que, embora tenha recebido o título de vice, passou a ser de facto o primeiro-ministro.
Passos Coelho julgou que para salvar a face tinha apenas de manter Maria Luís Albuquerque como ministra de Estado e das Finanças, o que efectivamente sucedeu. Só que, ao pô-la sob a coordenação de Portas, a mesma passou a ser uma mera secretária de Estado. Portas ganhou em toda a linha: coordena as pastas económicas, a reforma do Estado e as relações com a troika. O governo PSD/CDS passou a ser assim o governo CDS/PSD, tendo o PSD umas pastas irrelevantes, as únicas que Passos Coelho coordena. Isto partindo do pressuposto de que alguém ainda lhe vai ligar alguma. Portas pode agora dizer triunfante: eu fico... com tudo. E o PSD fica-se?
LUÍS MENEZES LEITÃO, Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
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