Morreu Joel Serrão, renovador da historiografia portuguesa
Figura incontornável da historiografia portuguesa, Joel Serrão faleceu anteontem, em Sesimbra, vitimado por uma doença. Tinha 88 anos, muitos dos quais dedicados à investigação e à escrita. Publicou dezenas de obras, como o "Dicionário de História de Portugal", cuja primeira edição data dos anos 60 e ainda hoje é fonte de consulta obrigatória. Mas também escreveu monografias de cariz económico e social, além de textos sobre poetas. Foi pioneiro no estudo da História do século XIX em Portugal.
À obra de Joel Serrão - por muitos lembrado também como uma pessoa simples e civicamente interveniente - se deve, a par da de contemporâneos seus, a primeira aproximação às correntes historiográficas europeias do pós-guerra, sobretudo à revista francesa "Annales", fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Hoje, é unânime a opinião de que foi um dos investigadores que mais contribuíram para uma visão de conjunto da história moderna portuguesa.
Nascido no Funchal em 1919, Joel Serrão licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professor do ensino secundário em várias cidades do país e também deu aulas em duas universidades da capital, tendo ainda sido membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian.