Em seis meses perderam-se 61.600 activos qualificados, a maioria jovens. Emigração de diplomados é uma das principais explicações.
Apesar de não haver números oficiais sobre as qualificações de quem parte, o que estes dados mostram é que "uma parte importante dos qualificados que estão a ser produzidos saem do país", afirma Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.
"Desde há algum tempo que se verifica um volume importante de saídas. O que constatamos é que o fenómeno se agravou", reforça Jorge Malheiros.
Maria João Valente Rosa, demógrafa e directora do portal estatístico Pordata, concorda com a análise e acrescenta mais dados que reforçam a tese: "Num cenário em que temos cada vez mais pessoas qualificadas, o que verificamos é que o número de trabalhadores com ensino superior estabilizou e que o número de desempregados com essa qualificação diminuiu. Estes elementos permitem-nos tirar várias conclusões". Uma delas, afirma, é que o mercado de trabalho não está a reflectir e a absorver o aumento da qualificação da população, já que os empregados licenciados não sobem.
Ao olhar para as idades em que ocorreu a maior perda de população activa qualificada, verifica-se que, em termos absolutos, a faixa etária 25-34 foi a mais atingida — menos 16.900 só no último trimestre. Ora, é precisamente entre este grupo que as qualificações mais aumentaram nos últimos anos.
O problema, lembra Maria João Valente Rosa, é que a emigração pode estar a "mascarar" o problema e o desemprego não ser mais grave devido à saída dos mais qualificados. "Se calhar não estamos a dar a devida importância a este fenómeno", avisa a demógrafa.
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