Historicando

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22 agosto 2013

Os cortes e as eleições

As próximas eleições autárquicas, marcadas para 29 de Setembro, vão ocorrer num contexto económico e financeiro que é, ainda, de grande gravidade. Por isso, não há nenhum português que não saiba que 2014 vai ser tão ou mais difícil do que o ano em que estamos.
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, num discurso de clara pré-campanha eleitoral, denunciou aquilo que entende ser a agenda escondida pela troika e pelo Governo na próxima avaliação do programa de ajustamento, adiada para a segunda quinzena de Setembro. O calendário é, deste modo, adversário da transparência e da verdade democráticas. Isto é, quando forem chamados a votar em eleições locais, os portugueses sabem que vão ter de enfrentar mais austeridade e novos cortes na despesa pública – sobretudo, pensões de reforma e salários dos funcionários da Administração. O que não vão saber nessa altura é o montante ou a dimensão desses mesmos cortes. Ou seja, todos sabem que em 2014 vão ter ainda menos dinheiro disponível, só não sabem quanto.
Não será sério dizer que este calendário foi maquiavelicamente elaborado para, habilmente, tentar uma penalização menor dos partidos que suportam o Governo nas eleições autárquicas. Mas o facto é que não deixa de ser útil e oportuno. Porque, como ficou claro no recente discurso do Pontal, o primeiro-ministro não se está "a lixar para as eleições" e quer mesmo ganhá-las. Convinha era que, antes dos eleitores serem chamados às urnas, dissesse ao País o que o espera depois de 29 de Setembro.
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/editorial.aspx?content_id=3382163