Historicando

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24 maio 2013

Jovens formados para emigrar


Estima-se que na Alemanha haja um défice de mais 100 mil engenheiros. Noruega e Bélgica – onde já há empresas especializadas em recrutar engenheiros do Sul da Europa – são outros países a precisar de licenciados na área.
A procura de pessoal qualificado é tão grande que, por isso, há casos em que excede a oferta. Em grupos de Facebook especializados em anúncios de emprego para o estrangeiro, como o Manda-te ou o Emprego pelo Mundo, muitas vezes há propostas a mais para os candidatos. «Há semanas, tive 30 vagas para enfermeiros no Reino Unido e soube que eles não conseguiram candidaturas suficientes», conta Filipe Amorim, do Manda-te.
Filipe acredita que «os enfermeiros portugueses já deram provas que são bons» e diz que é por isso que o Reino Unido não desiste de os contratar. «Há anúncios quase todas as semanas».
Se o que se promete no estrangeiro é aliciante, as perspectivas cá dentro não são animadoras. Carlos Matias Ramos diz que há ofertas para Portugal «colocadas de forma despudorada em portais oficiais na internet, com ordenados ultrajantes, nalguns casos de 500 euros», que são «um motivo adicional para que os engenheiros portugueses procurem outros mercados».
Médicos, engenheiros e enfermeiros estão cada vez mais a sair do país. Portugal tornou-se um dos maiores exportadores de jovens licenciados para países que precisam de mão-de-obra qualificada, como o Brasil, a Alemanha, a Noruega ou a França. Se não regressarem, o país perderá o investimento feito na sua formação.
Em média, o Estado gasta quatro mil euros por ano com cada universitário. No caso das engenharias, os custos estão entre os cinco e os oito mil euros. E na Medicina o valor pode chegar aos 10 mil euros por cada um dos seis anos de formação na Faculdade. Destes valores, apenas 1.037 euros - a propina máxima em vigor - são pagos directamente pelas famílias. O resto sai do Orçamento do Estado e das receitas das universidades.
Mas não é só o investimento na Educação que se perde. «Se saírem, não contribuem para a Segurança Social, para o sistema fiscal e para a economia no seu conjunto», alerta a especialista em Segurança Social, Manuela Arcanjo. «Estamos a perder uma geração», lamenta. Os dados do Inquérito ao Emprego do INE atestam, de resto, a tendência, revelando uma quebra de 131 mil jovens entre os 15 e os 35 anos na população activa em 2012.
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