Historicando

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15 maio 2013

Conselho de Estado


Pensaríamos que o tema do Conselho de Estado seria o serenar dos partidos desavindos da coligação. Mas não. O tema vai ser o da preparação do período pós-troika. O Presidente teve de escolher entre um Conselho de Estado psicanalítico, para temperar as feridas narcísicas dentro do Governo, e um Conselho de Estado de pura futurologia. Um ano, no estado presente da Zona Euro, é uma era. Se projectarmos Junho de 2014 a partir de hoje, o quadro não poderia ser mais deprimente.
Será que as tensões dentro da União poderão manter-se, sem causar mossa?
Paris continuará a seguir a liderança de uma Berlim cada vez mais autista?
Um relatório do Pew Center revela que entre 2007 e 2013, apenas na Alemanha cresceu o optimismo económico (uma aprovação que subiu de 63% para 75%). No resto da Europa, o desânimo é esmagador.
Vamos chegar a 2014 com a nossa economia destroçada, e uma situação social de emergência. Carlos Costa recordou que iremos precisar do apoio do BCE, através do recurso ao OMT, para podermos ter um acesso assistido aos mercados de dívida. Mas para isso é preciso que o Tribunal Constitucional de Karlsruhe não dê provimento à queixa do Bundesbank contra o OMT.
Sem essa bóia do BCE, Portugal afoga-se. Talvez o Conselho de Estado devesse discutir, em alternativa, como ultrapassar a patológica combinação de pusilanimidade e incompetência dos governos de Portugal, que nos conduziu a esta situação. Por este caminho, a escolha dos portugueses não será entre mais ou menos Europa, mas entre uma liberdade que não nos salva da pobreza e uma escravidão que nos mantém numa agonia perpétua.
VIRIATO SOROMENHO-MARQUES, Professor universitário
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