Historicando

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10 maio 2013

Certezas e incertezas


Na História da Europa, a Alemanha só mudou de atitude quando a tal foi forçada pelas armas. No presente e no futuro, só alterará a sua atitude se for politicamente encostada às cordas. A janela de participação empenhada no processo de construção europeia, entre o fim da II Guerra Mundial e a queda do Muro de Berlim, não se deveu somente à envergadura política e à visão solidária de Adenauer, Brandt, Kohl e Schmidt - foi, em larga medida, uma imposição dos vencedores àqueles que tinham provocado a guerra e se viam agora sujeitos a um programa de auxílio para a sua própria reconstrução.
Integrada a RDA, expiados os pecados do III Reich, restabelecido o poderio económico perante uma Europa frouxa e envelhecida, os alemães sentiram que era chegado o momento de realizar a sua velha ambição - comandar as instituições europeias, ditar as regras do jogo, exprimir sem rebuço o seu histórico individualismo. Daqui não sairemos sem mudanças radicais. Desenganem-se os que pensam que após as eleições alemãs de Setembro, qualquer que seja o seu desfecho, a resolução da crise europeia ficará mais fácil. A menos que ela própria comece a sentir os efeitos das políticas recessivas que selectivamente impõe, ou que se veja cercada, será a mesma Alemanha de Schãuble.
No dia 25 de Maio, o nosso ministro das Finanças marcará certamente presença em Wembley para assistir à final da Liga dos Campeões entre o Bayern de Munique e o Borussia de Dortmund.
Vítor Gaspar não perderá o magnífico ensejo de se sentar entre alemães de gema e exultar com os cânticos e golos germânicos.
LUIS Nazaré, economista; Professor do ISEG
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