Historicando

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17 junho 2013

O que segura ainda a Europa em África é a inércia do passado

Um simples retrato de como, a cada dia que passa, a Ásia vai encostando às cordas a Europa. Será demasiado radical afirmar-se que o que segura ainda a Europa em África é a inércia do passado, mas... A aposta em África encontra nos países africanos um interesse pela sua experiência de crescimento económico diversificado e desenvolvimento. A aposta que fizeram com sucesso na indústria transformadora, nos serviços e no sector da educação é bastante sedutora para África. E não se fazendo rogados, vários exemplos das pontes que vão lançando para África aí estão para o comprovarem.
Hoje a Ásia é cada vez mais parceiro interessado em África e desejado nestas paragens.
E não é apenas a China... Em 2008 com o Fórum Índia-África tendo realizado a segunda cimeira em 2011 e em solo africano (Etiópia). A Coreia do Sul não quis ficar de fora e em 2006 organizou o 1º Fórum Coreia do Sul-África a que se seguiu outra três anos mais tarde e, em 2012, o terceiro encontro e de onde saiu a Declaração de Seul. A ideia é que a partir de 2016 estes fóruns se realizam a cada dois anos. Até o Vietname não desdenha a relação com África e já em 2003 instituíra o Fórum Vietname-África a que se seguiu, em 2010, o segundo encontro. E a Malásia? Nesta altura pensará o leitor, até a Malásia?! Sim e surpreenda-se. Não são a China nem o Japão os principais investidores asiáticos em África. É a Malásia! Em relatório publicado em Março deste ano, a Unctad (das Nações Unidas) indicava que em 2011 este país foi o principal investidor asiático no continente africano e o terceiro a nível mundial (a seguir à
França e aos EUA). E mesmo considerando o stock de investimento estrangeiro, a Malásia está em quarto lugar e à frente da África do Sul, da China e da Índia. Quase 25% do seu investimento no exterior teve como destino África.
Não é apenas energia e matérias-primas. É igualmente agricultura e indústria transformadora. Há quem ande distraído sem perceber os sinais do tempo. Não parece ser o caso do desejo mútuo asiático-africano.
Manuel Ennes Ferreira, Professor do ISEG
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