Historicando

Historicando
historicando@gmail.com

17 outubro 2012

Herr 1 e Herr 2

O ministro alemão das Finanças, Schäuble responde com a defesa extrema da dureza punitiva: "Quando há um objectivo de médio prazo definido, não se constrói confiança se alguém começa a ir numa direcção diferente; os países europeus não devem abandonar o barco da austeridade". Por outras palavras, com o piloto automático ligado, o piloto humano não deve interferir quando vê a rota do avião colidir com uma montanha por erro de introdução de dados; para não se destruir a confiança no mecanismo, deve-se deixar ocorrer a colisão.’
Só há uma conclusão que se pode tirar de tudo a que temos assistido: Vítor Gaspar sabe tão bem ou melhor do que nós que o cabaz de impostos que aí vem vai agravar a recessão (e o desemprego) e não vai ser possível cumprir o défice fixado para 2013. Estará, assim, a esticar a corda para ser removido — criando as condições para poder ser recebido de braços abertos em Frankfurt ou Bruxelas.
A verdade é que Vítor Gaspar:
… tratou com desprezo o Presidente da República, ignorando ostensivamente a chamada de atenção no Facebook…
… fez-se desentendido relativamente aos alertas, em jeito de autocrítica, da directora-geral e do economista-chefe do FMI, feitos numa reunião a que assistia…
… deixou o Governo à nora, obrigando os ministros, durante uma semana, a catar despesa pública enquanto ele tratava do seu curriculum em Tóquio…
… passou ao lado das suas próprias promessas de que iria “mitigar” os estragos, quando em alguns aspectos até agravou a dose de austeridade…
… e, como se não fosse nada com ele, aterrou esta manhã no Conselho de Ministros, vindo das suas miniférias no Japão, e encostou o Governo à parede: “este é um orçamento sem margem de manobra”.
(...) a batata quente ficou nas mãos do CDS-PP. Para não perder a face, Paulo Portas poderá passar mais uns dias a saltitar entre os pingos da chuva, argumentando que a discussão do Orçamento na especialidade poderá permitir “mitigar” os estragos. Mas, se Berta Cabral mantiver a palavra, os deputados do PSD-Açores votarão contra o Orçamento, sendo muito provável que os deputados de Alberto João Jardim sigam o exemplo. Então, todos os olhares se voltarão para Paulo Portas, que terá de dizer… se fica.

http://corporacoes.blogspot.pt/