Historicando

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10 janeiro 2011

A guerra

A guerra é o grande alicerce da sociedade pós-moderna. A guerra ou a ideia da sua iminência. Tudo se faz e se desfaz a pensar nesse fantasma. Afinal, no fantasma da guerra e no fantasma do dinheiro...
«Numa economia de guerra a morte é um bom negócio, a pobreza é boa para a sociedade e o poder é bom para os políticos.» MICHEL CHOSSUDOVSKY e ANDREW GAVIN MARSHALL
'The Global Economic Crisis. The Great Depression of the XXI Century' Montreal, 2010.
«Costuma-se dizer que as más ideias florescem porque atendem aos interesses de grupos poderosos.» NOAM CHOMSKY. 'O lucro ou as pessoas', São Paulo, 2002.
O maior erro da civilização actual é defender um sistema que em vez de servir os injustiçados, os doentes, os idosos, os trabalhadores e as crianças se serve destes para criar economias de sucesso. Michel Chossudovsky e Andrew Gavin Marshall definem isto com uma frase: «os pobres são feitos para combater os pobres» ('The Global Economic Crisis. The Great Depression of the XXI Century', Montreal, 2010). Poderia dizer-se o mesmo de outra maneira: os pobres são um produto do mercado, existem e devem ser cada vez mais, porque é do seu trabalho e das suas necessidades básicas que floresce o negócio dos ricos. Eis uma má ideia, pois. Mas, como diz Chomsky, são as más ideias que — tal como a pobreza — servem os interesses dos poderosos. É esta má ideia, aliás, que Georg Simmel define como ausência de liberdade, sendo que para ele a liberdade é «o carácter inconfundível que mostra aos demais que o nosso modo de vida não nos é imposto por outros» ('Fidelidade e Gratidão e outros textos', Lisboa, 2004).
Perguntamo-nos frequentemente porque é que a China, que acreditou ter sido um baluarte marxista e agora é uma superpotência que compra títulos de dívida dos países em falência, não inventou ainda máquinas capazes de substituir o trabalho infantil...
Este, porém, não é um problema isolado.
O Capitalismo, implementado com sucesso nos países sobrepovoados e subdesenvolvidos — onde a liberdade dos indivíduos não depende tanto de si mesmos, mas de um sistema que lhes é imposto (uma necessidade, um negócio, uma guerra...) —, tornou-se tão obscuro quanto mortífero, a partir da fraude institucionalizada, da publicidade e da manipulação dos media, das transacções financeiras virtuais realizadas nos grandes mercados de acções... Assim, com o argumento de que se deve deixar a economia seguir os seus passos (a liberdade da economia parece estar acima da liberdade das pessoas), quem vence é a própria economia — essa criatura abstracta que esconde, sob o diáfano manto de poder dos políticos, os grandes negócios do petróleo, das indústrias multinacionais, dos gestores e especuladores financeiros, prostíbulos e senhores da guerra.
Vence a economia, ou... a ausência dela. Os indivíduos (as pessoas e os seus valores morais) foram banidos em nome da competitividade. E por consequência outra vez a guerra...
In: http://www.anterodealda.com/blog/blog.htm