Historicando

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22 março 2011

Parecer e ser...


Dia 22 – 18º de internamento ininterrupto no HLA.


Sou bem tratado, os profissionais são gentis, competentes. Não conseguem resolver os problemas internos dos pacientes. Acompanham, administram, receitam, monitorizam, fazem relatórios, mas não fazem milagres…

O problema que tive: enfarte agudo do miocárdio (2 vezes) foi um episódio do grande problema que me afligirá o resto da vida – angina de peito instável.

O dia está lindo a esta hora, vejo através da janela do quarto, as pessoas a movimentarem-se, sinto o cheiro a Primavera invadir-me o quarto (tenho o hábito de abrir a janela), o corre-corre, a lufa-lufa diária, de tudo isto tenho saudade. Mas não posso. Estou proibido de ir além do quarto. Dizem que não posso fazer nenhum esforço. Até penduraram nos pés da cama, não fosse eu esquecer-me, um letreiro com o aviso “Repouso no leito”!

Para não variar às 02.31h. fui acometido duma dor forte no peito, falta de ar, etc. A equipa de turno acorreu com presteza e eficiência, iniciou as manobras já relatadas por este vosso escriba em outros posts anteriores. Só que desta vez administraram-me sedativo suficiente e de tal eficácia que não ouvi nadinha da trovoada que se abateu sobre a nossa zona. Pelo menos era essa a conversa, hoje de manhã, por parte dos enfermeiros, auxiliares e enfermos. Por mim, népia, não dei por nada.

O pior ainda estava para vir. É norma desta casa, sim, já lhe chamo casa tantos são os dias que aqui estou, que os hábitos de higiene pessoais irem das 08.00h. às 09.00h. Pois foi em pleno banho que sofri fortíssimo ataque no peito. Só não caí, porque existem uns varões onde me agarrei. A água do chuveiro continuou a jorrar e inundou o chão da casa de banho. E agora digam-me que não somos Homens de hábitos e cultura enraizados desde os nossos ancestrais. Sabem o que fiz, apesar de estar a sofrer intensamente a dor no peito, ter tonturas, falta de equilíbrio, etc.? Limpei-me à toalha, o melhor que pude, por pudor, vergonha, de ter de chamar a equipa de emergência e ser visto nu! Parvoíce!

Desta vez além dos procedimentos já habituais, ligar-me às máquinas, N comprimidos, ligaram-me a máscara de oxigénio. Vieram os meus dois médicos assistentes: Drs. João Caixinha, e Armindo Ribeiro. Tomaram a decisão terapêutica de alterar a medicação que tomava até agora e de me submeterem a nova bateria de testes.

Pela minha parte, pedi uma vez mais, que me levassem para uma das “oficinas super especializadas” de Lisboa, em tratamento destes casos “complicados do motor”. Prometeram que o fariam.

Quem me vir, neste momento, nem lhe passa pela cabeça o que tenho sofrido nestes últimos 40 dias. Agora pareço bem, pareço o mesmo de antigamente, pareço…