Historicando

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17 março 2011

Episódio Recidivo

Dia 15 de Março, à noite, tive um ataque generalizado de rush em todo o corpo. Comichão como nunca tivera. Alguma reacção alimentar, porque quanto aos medicamentos não deve ser, porque são os mesmos desde o início do internamento. Tiveram de administrar-me 3 doses intravenosas de hidrocortizona, de 8 em 8 horas, para acalmar e superar o inesperado problema.
O pior aconteceu hoje, dia 17 de Março. O 1º episódio recidivo aconteceu às 00.50 horas. Já estava deitado a dormir. Acordei com uma dor fortíssima no peito, falta de ar, transpiração abundante. Os mesmos sinais de dias 3 e 4 p.p. Toquei a campainha de emergência. O pessoal de enfermagem ocorreu de imediato, actuou com precisão e eficácia. Mediram-me a tensão arterial: 17 – 12. Chamaram o médico, Dr. José António Quiles (o "anjo-da-guarda" de dia 4) que conversou, tranquilizou e receitou dois comprimidos: um tranquilizante para dormir e um comprimido de nitro glicerina, conhecido popularmente por SOS, que se coloca por baixo da língua, para prevenir eventuais enfartes.
Ok, parecia estar tudo bem. Medicado e deitado.
2º episódio: 02.00 horas. Novo enfarte, mais forte que o anterior. As dores eram tão forte que sentei-me no chão (para quem conheça o quarto tem cama e duas cadeiras). Chamei, mais uma vez, de emergência o pessoal de enfermagem. Vieram rápido, ouviram a queixa que apresentei, ajudaram sentar-me na cama, mediram a tensão arterial duas vezes: 18 -13 da 1ª vez, e 13 – 9 da 2ª vez. Administraram-me os mesmos medicamentos prescritos pelo médico aquando do 1º episódio, ocorrido cerca de uma hora antes. Um comprimido para dormir e um nitro glicerina (SOS) para evitar novos ataques.
Dormi o resto da noite, mas acordei, ainda, com uma ligeira dor no peito, que dei conta à 1ª auxiliar que entrou no quarto. Mas não insisti na queixa, pois à medida que fazia a higiene pessoal matinal, nada de errado voltei a sentir.
O pessoal de enfermagem, bem como o Dr. José António Quiles, calculo que devam ter feito referência no relatório das ocorrências do turno da noite ao acontecido. Assim, O meu médico Assistente no piso de enfermagem de Medicina, Dr. Armindo Ribeiro, veio ver-me informado dos episódios da madrugada, bem como do rush de dia anterior, e tomou decisões: tenho de passar a maior parte do tempo em repouso no leito, limitação drástica às visitas, não mais de duas horas de Internet por dia, aviso serio para limitar a recepção e/ou envio de mensagens escritas ou email, para já não falar em “proibição” de chamadas voz! Ordem – repouso, repouso, e mais repouso…
Segundo ele as minhas características sociais não me ajudam. Passo o tempo a pensar nos outros, a tentar resolver os problemas dos outros, a falar, e descuro-me pessoalmente. Segundo ele, tenho de inverter totalmente esta prioridade: primeiro eu, depois eu, em seguida eu, e então os outros. Isto se quero andar aqui, por este lindo planeta, mais uns anitos!
Desculpem se a partir de agora as coisas mudam, mas quando chegamos a este ponto, quase fim da linha, agarramos-nos a quem sabe disto, por já ter visto tantos casos de vida e morte, e seguimos os seus conselhos, desinteressados, sérios, prescientes.
Tenho-vos no coração, os mais próximos e mesmo os que se afastaram inexplicavelmente. Até qualquer dia. Depois do “falhanço” da operação ao cataterismo, do exame de Doppler, espero ansioso pela operação ao coração aberto. Os dias arrastam-se. E a mente humana pensa nos prós e nos contras. Afinal vão mexer no 2ºórgão mais delicado do corpo humano (só suplantado pelo cérebro). Desejem-me sorte, bem preciso dela. DEUS proteger- me-à.

Recidiva de ataque cardíaco