Historicando

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19 novembro 2013

Livre? Livra!

Rui Tavares é um historiador especialista em tragédias como o regicídio ou o terramoto de 1755. Talvez por esse motivo Francisco Louçã decidiu convidá-lo como independente para a lista do BE ao Parlamento Europeu em 2009. Rapidamente, no entanto, se zangaram. Rui Tavares acusou Louçã de promover uma "caça ao independente" e proclamou a sua própria independência do Bloco, mantendo-se, no entanto, no Parlamento Europeu. Como esse estatuto de independente não lhe permite candidatar-se outra vez, decidiu por isso formar um novo partido. O partido chama-se Livre, mas parece que o seu único objectivo é assegurar a liberdade de Rui Tavares se recandidatar.
O Livre é "um partido partilhado", um "espaço de liberdade", que defende "a esquerda, a Europa e a ecologia". Proclama que o seu lugar é "no meio da esquerda", onde pretende "a procura e realização de convergências abertas, claras e transparentes, para criar uma maioria progressista capaz de criar uma alternativa política em Portugal e na Europa". Resta saber então para que se funda um partido novo se o seu objectivo é apenas convergir com os já existentes. Não haverá suficientes partidos à esquerda?
Em termos de programa, o Livre é um conjunto de vacuidades, não propondo nenhuma medida política concreta, com excepção talvez da realização de primárias pelos seus eleitores, precisamente porque não terá militantes. O Livre é apenas uma demonstração de ego monumental, o partido de um homem só. Livre? Livra!
Por Luís Menezes Leitão
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
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