Historicando

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29 setembro 2007

Avaliação

Investigação, avaliação educacional e avaliação das aprendizagens, três campos de influência mútua
Os desafios colocados à avaliação das aprendizagens tipificam um desafio mais geral do nosso tempo - apesar de estarmos na era da informação, subsiste, e aumenta mesmo, a dificuldade em saber utilizá-la. A nossa capacidade tecnológica de recolher e tratar a informação, excede largamente a nossa capacidade humana de a processar e de extrair sentido dessa avalanche informativa.Este fenómeno aparece claramente exemplificado pelo grande desenvolvimento de tipologias, princípios e procedimentos de avaliação, cujos resultados temos tanta dificuldade em utilizar.Por outro lado, os vários modelos de avaliação, com as suas técnicas e procedimentos específicos reflectem, não apenas divergências de natureza epistemológica, mas também as dificuldades de ordem técnica e de formação em avaliação.Parece-me também evidente que a conflitualidade filosófica sobre a natureza da avaliação reflecte ainda a necessidade de desenvolvimento de um campo de investigação relativamente recente.O desenvolvimento dos modelos de avaliação educacional inclui os princípios filosóficos, os contextos de prática e as próprias agendas sociais. Alguns modelos foram-se refinando, designadamente através de procedimentos cada vez mais especificados, enquanto outros apenas reflectem uma posição filosófica geral. Os limites e os componentes de cada modelo são frequentemente difíceis de determinar, em particular em modelos para os quais têm vindo a contribuir diversos teóricos.A avaliação das aprendizagens tem acompanhado as perspectivas epistemológicas da investigação e da avaliação educacional: nos anos 60 predominava a preocupação com a eficácia e a objectividade; posteriormente, a avaliação procura desenvolver alternativas, resultantes do descontentamento e alguma ineficácia comprovada da abordagem objectivista, alternativas essas que procuraram utilizar os resultados da avaliação de forma mais eficaz e introduzem simultaneamente a perspectiva da investigação qualitativa; finalmente uma procura de integração das perspectivas quantitativa e qualitativa, por influência dos modelos mistos de investigação, numa abordagem que procura ser mais coerente e mais abrangente, que procura utilizar instrumentos de contingência, mais adequados à diversidade das situações e dos sujeitos, mas que carrega consigo as dificuldades epistemológicas e práticas do paradigma da complexidade.Saliento que estes três estádios a que me referi não se excluem mutuamente, mas traduzem os avanços e recuos no desenvolvimento da teoria da avaliação.Efectivamente, os teóricos mais recentes têm vindo a integrar aspectos do trabalho de teóricos anteriores, rejeitando outros e introduzindo novos campos de reflexão e de investigação, não sendo assim de estranhar que os mais recentes modelos de avaliação tenham vindo a reeditar, a reabilitar e a rever, numa perspectiva mais abrangente e mais complexa, taxinomias que, há alguns anos atrás, pensávamos estarem definitivamente postas de lado, quando a avaliação das aprendizagens incorporou os modelos qualitativos de investigação e de recolha de dados.
Publicada por PAIDEIA