A-1 – Dum momento para o outro, sem que se tenha bem percebido o como e o porquê, tudo se esvaiu, tudo se desfez, todas as ilusões se desmoronaram. Bastou a Sra. Merkel ter classificado como "desproporcionadas" as propostas de trabalho formuladas por Van Rompuy – Durão Barroso – Jean-Claude Juncker – Mario Draghi e ter reiterado a sua oposição à mutualização das dívidas públicas dos Estados-Membros (eurobonds).
A-2 – Agência Moody's coloca Alemanha, Holanda e Luxemburgo em perspectiva negativa.
A-3 – Os ratings de crédito são determinados por agências de classificação de crédito . O rating de crédito representa a avaliação da agência de notação de crédito de informação qualitativa e quantitativa para uma empresa ou governo, incluindo a informação não pública obtida pelas agências de crédito e de analistas de rating.
Os ratings de crédito não são baseadas em fórmulas matemáticas. Em vez disso, as agências de notação de crédito usam o seu julgamento e experiência na determinação de que informação pública e privada devem ser considerados em dar uma classificação a uma determinada empresa ou governo. O rating de crédito é usado por pessoas físicas e jurídicas que compram os títulos emitidos por empresas e governos para determinar a probabilidade de que o governo vai pagar suas obrigações de títulos.
Um rating de crédito pobre indica opinião de uma agência de notação de crédito que a empresa ou o governo tem um alto risco de incumprimento financeiro, baseado na análise da agência da história da entidade, e análise de longo prazo das perspectivas económicas.
A-4 – «Na manhã de sexta-feira 13, a diferença entre as taxas de juro da dívida a 10 anos da Alemanha e da França era de 1,23% favorável ao primeiro país. Um abismo, que se arrastava há muito tempo. A única crítica que se pode dirigir à Standard & Poor's é o facto de ter demorado tanto tempo a declarar aquilo que os mercados já sabiam há muito. A França já não é um país triplo A. Outra das conclusões da S&P também não deixa de ser óbvia, pelo menos para nós portugueses: o programa de ajustamento em que o país foi forçado a mergulhar está a empobrecer a nação, a destruir as empresas com falta de crédito, a aumentar o desemprego, a afastar os trabalhadores jovens e qualificados, a contaminar a moral pública com o ressentimento e a intriga, típicas das casas onde o pão escasseia. A S&P disse o que é óbvio: a estratégia absurda da "austeridade expansiva", de que espanhóis, italianos e outros também são vítimas, foi feita a pensar no interesse dos credores. O interesse dos países endividados, mas sobretudo o interesse da União Europeia, e da própria economia mundial não foi tido nem achado. Dia 13 o eixo Paris-Berlim quebrou-se. A Europa poderia ter um futuro. Federalismo, com prosperidade. União política, com confiança. Em vez disso está mais perto da implosão, da pobreza, e das baionetas. Os mercados não são o inimigo. A estupidez política, sim. Mas como poderemos vencer uma força contra a qual, como escreveu Schiller, até os deuses lutam em vão?»
A-5 – Juncker considera que Alemanha está por detrás de agravamento da crise. O presidente do Eurogrupo entende que a Alemanha está por detrás do agravamento da crise e acusou o governo liderado por Angela Merkel de tratar a Zona Euro como uma «filial».
"Os que pensam resolver desta forma os problemas da zona euro, excluindo ou deixando cair a Grécia, não identificaram bem as razões da crise", considerou Juncker.
O também primeiro-ministro luxemburguês defende que é preciso ter mais cuidado com o que se diz e lembra que uma saída da Grécia da moeda única não resolve a actual crise, mas afecta a reputação dos países da Zona Euro em todo o mundo.
E como isto está tudo ligado, temos:
B-1 – Que pensaria um cidadão comum se alguém em quem tivesse confiado e com quem tivesse feito um acordo, apanhando-se com o acordo na mão, violasse todos os compromissos assumidos fazendo exactamente o contrário daquilo a que se comprometera?
Nem só o dinheiro corrompe. O poder também corrompe, por vezes, muito mais do que o dinheiro. E – como é, desde há muito, consabido – o poder absoluto corrompe absolutamente.
B-2 – "Gostaria que as agências de ‘rating' não fizessem política", acrescentou Pedro Passos Coelho. Passo Coelho está esquecido do tempo em que o PSD usou os cortes no rating para atacar o governo PS.
B-3 – Numa das suas primeiras intervenções, o ministro das Finanças desvalorizava a evasão fiscal argumentando que a evasão fiscal em Portugal está em linha com a média europeia. Está, não está?
B-4 – Portas, com a imensa ironia que o caracteriza, perante pressão dos jornalistas, declarou que como português achava os eurobonds interessantes, mas se fosse alemão… talvez não.