Historicando

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01 outubro 2013

Os ditames da kaiserine da EU

Após a adesão de Portugal à CEE, o nosso Governo (lembram-se de quem era o primeiro-ministro nesse tempo, não lembram?) concordou reverente e submisso em desmantelar as nossas principais áreas produtivas (pescas, têxteis, agro-pecuária, lacticínios, conservas) para satisfazer as exigências dos burocratas "de vistas largas" europeus.
Incentivou-se (praticamente impôs-se) a não produção, em troca de convidativos subsídios que, ainda hoje, não se sabe onde muitos foram parar. Tudo isto para não irritar os agricultores franceses e a "sua" Política Agrícola Comum (PAC), única "arma" com que a França ficou para contrabalançar uma Alemanha unificada, gigante económico, quando a queda do Muro de Berlim tornou a"force de frappe" (vector nuclear das Forças Armadas francesas) irrelevante.
Para o cidadão vulgar, as instituições europeias são ainda mais inacessíveis do que os seus já distantes governos nacionais. O que tem vigorado não é uma "Europa dos cidadãos", mas sim uma "Europa das elites, dos burocratas e das grandes empresas". No que respeita a Portugal, nos 1 8 anos em que estamos na Europa, nunca ninguém nos perguntou se queríamos entrar ou se era este o caminho que gostaríamos de seguir.
Progressiva mas metodicamente, a burocracia de Bruxelas (a Comissão Europeia é o novo Kremlin, e o Parlamento Europeu o novo Politburo) deixou de se preocupar com o progresso e o bem-estar dos cidadãos europeus, para se focalizar cada vez mais no seu próprio estatuto e nos seus jobs, cedendo e fazendo o jogo dos lobbies neoliberais dos grandes interesses económicos. A UE foi-se transformando numa terra inundada de discursos oficiais incompreensíveis e longe da vida real. As suas instituições não resultam de nenhuma constituição e não escutam os eleitores nas suas tomadas de decisão. Tal como o PCUS no tempo de Estaline, a UE gere a Europa apenas consoante os interesses da burocracia que se apoderou do poder.
O pós-modernismo dos anos 1990 deu lugar, em 2003, à vassalagem, à alta finança e aos agiotas neoliberais e, actualmente fez renascer o modelo soviético da ditadura política centralizada, da "alternativa única", do "nivelar por baixo" e da "terra queimada". As ditaduras de esquerda parecem-se muito com as de direita. As fendas começaram a abrir-se perigosamente após a crise dos subprimes de 2008, que apanhou os "especialistas" de surpresa, tal como acontecera com a Revolução Iraniana de 1979 e os atentados de 11 de Setembro de 2001. Com uma crise na Zona Euro, com vários países sob resgate, e com a incapacidade e incompetência das instituições europeias em debelar a austeridade e a recessão, novos contornos deste "neo-estalinismo" têm emergido.
Faz definhar o Estado social, cria um "cisma grisalho" que muito se assemelha a uma eutanásia pré-planeada, permite situações que se prefiguram como ilegais, tais como o corte de subsídios e o roubo despudorado de uma fatia das pensões de reforma descontadas durante décadas, determina o fecho de estações televisivas estatais e até já se fala em assaltar as contas bancárias, mas mostra-se perfeitamente incompetente para encontrar soluções para ultrapassar uma crise económica e financeira profunda e ser solidária com os seus membros. Em Portugal, as instituições políticas e económicas, em vez de incentivarem. A participação dos cidadãos e tirarem o maior partido dos seus talentos e competências, visam apenas extrair os rendimentos e a riqueza da maioria, para beneficiar uma minoria no poder. Foi exactamente isso que Estaline fez, e a UE segue-lhe o exemplo! O único objectivo parece ser destruir tudo, sem parar para se pensar sobre a reconstrução! Em muitos casos, já existe o "delito de opinião", e, não tarda muito, a kaiserine da UE vai ter de reabrir Dachau, Bergen-Belsen, Buchenwald e outros espaços similares, para aí instalar o novo gulag, destinado a reeducar os "preguiçosos" do Sul, segundo os ditames da intelligentsia burocrática que pulula em
Bruxelas e em Berlim!
A UE da social-democracia e do Estado providência assinou a sua própria condenação com a moeda única e, como alguém já afirmou, morreu em Chipre.
EDUARDO SILVESTRE DOS SANTOS, Tenente-general
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