Historicando

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14 setembro 2012

A primeira impressão é a que fica ...

A.F.O.,
Mais vale cair em graça do que ser engraçado, é um velho provérbio português que encerra muito de verdade.
Já lhe aconteceu fazer tudo na perfeição e ninguém reparar no seu trabalho? E o seu colega ao lado basta-lhe dar um espirro e recebe logo mil gestos de aprovação?
Pois acontece a muito boa gente.
Você fala e ninguém ouve, mas ao lado o primo, o irmão ou o colega repetem o que você disse e todo o mundo fica espantado com tanta lucidez e raciocínio fulgurante.
Cansa lutar contra a maré, também não adianta culpar ninguém, porque se o outro tem esse sucesso todo, das duas uma, ou quem vos ouve é lerdo, ou você é uma pessoa com pouca empatia. Para cair em graça não precisa de ser engraçado, é uma questão de sorte, e quem a tem, que a aproveite.
"Mais vale cair em graça do que ser engraçado". O que é cair em graça? Não estamos aqui a falar da graça divina, mas sim em cair na graça das pessoas. Cair em graça é, fundamentalmente, agradar. Em termos comuns, se tu agradas a alguém, é porque esse alguém gosta de ti. Porque é que gosta de ti? Aqui existe um número quase infinito de hipóteses, mas o essencial é que existe uma empatia que se criou nesse alguém relativamente a ti. E essa empatia é duradoura? Depende. Tal como em inglês se diz fall in love e o seu oposto fall out of love, também a empatia pode chegar ao fim após um curto período ou manter-se por um longo período de tempo. Mesmo até ao fim dos nossos dias.
O "ser engraçado" do ditado lembra a tentativa de cair nas boas graças. Ora, nada que seja forçado dura muito tempo. É como uma única camada superficial de verniz. Na realidade, na maioria dos casos duradouros cai-se nas boas graças de uma pessoa sem esforço, apresentando-se como se é. Há coisas que não são fáceis de explicar, mas parece correcto falar-se de uma certa química que atrai ou que repele.
Ter graça é, no sentido do provérbio, "estar em graça". Como o oposto de "estar em graça" inclui uma vasta gama de possibilidades que vão do mero desconhecimento da pessoa ou coisa que é objecto da graça até ao "cair ou estar em desgraça", quem está em desgraça nunca pode ser verdadeiramente engraçado por mais que o tente. Aí, o problema residirá principalmente na intolerância de quem coloca alguém em graça ou em desgraça.
A impressão inicial tem um peso enorme durante algum tempo. Empatia, química, intuição... podem chamar-lhe aquilo que quisermos.
Diz um ditado popular: A primeira impressão é a que fica. Não haverá uma segunda chance para causar uma primeira boa impressão.