As câmaras dos fotógrafos apanharam-na em frente aos escritórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lisboa, num ambiente de tensão. Havia manifestantes a atirar tomates. Um petardo tinha rebentado havia pouco. Adriana aproximou-se de um polícia e abraçou-o.
A certa altura, fixou-se num agente em particular. “Já tinha sido lançada uma bomba de fumo”, diz. “Já tinha olhado para ele, quando ele ainda não tinha a viseira. Tinha um olhar triste. Mas tinha um olhar aberto também. Sou muito sensível nestas coisas”, conta a aluna de Artes Visuais. “Fui ter com ele e perguntei-lhe: ‘Por que é que vocês estão aqui? Para provocar alguma reacção má? ‘ Ele disse: ‘É o meu trabalho. ‘ Depois perguntei: ‘Não gostava de estar deste lado? ‘ E ele não respondeu. Olhou em frente.”
Aproximei-me dele. Acredito que se der amor, recebo amor. E foi por isso. Queria ter um gesto de amor. Queria ter uma reacção boa naquele momento, não quero ter sentimentos maus. Aproximei-me dele, abracei-o. Ele ficou estático. Depois afastou-se suavemente. Não me afastou, afastou-se.”
“Não fui a primeira pessoa no mundo a abraçar um polícia. Já tinha visto outras imagens assim.”
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