Historicando

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16 fevereiro 2011

Declínio demográfico e social

A Revista Única deste fim-de-semana publica um artigo “Portugal, um país em declínio demográfico e social”, que chama a atenção para o impacto da dimensão do desemprego jovem no fenómeno do declínio demográfico.
Para além do debate recorrente que é feito sobre o envelhecimento da população - em que sobressai a redução da natalidade e o aumento da esperança de vida - sobre a sustentabilidade da segurança social - com um cada vez maior número de reformados para um cada vez menor número de activos - ou sobre a capacidade de o sistema de saúde dar resposta ao aumento da esperança de vida, o professor Mário Leston Bandeira (professor do ISCTE que está envolvido num projecto de investigação sobre o envelhecimento em Portugal) chama a atenção para um outro fenómeno, mais recente, que é em seu entender responsável pelo declínio demográfico e social em Portugal.
Segundo o Professor, o nosso declínio demográfico tem a ver com a incapacidade de o país criar empregos e dar oportunidades aos mais jovens. “O nosso declínio demográfico é menos o problema do envelhecimento e mais o problema do desemprego. O que quer dizer que é também declínio social, devido ao elevado desemprego juvenil e à idade com que os jovens conseguem o primeiro emprego.” Com efeito, sem emprego e estabilidade, os jovens são obrigados a adiar a sua independência económica e financeira e a adiar o início de um novo ciclo de vida que passa por casar e constituir uma família. Muitos deles são forçados a construir o seu futuro fora de Portugal, levando consigo a força, a energia e a criatividade que tanta falta faz para rejuvenescermos a nossa sociedade e ganharmos competitividade para a nossa economia. Levam consigo a esperança na qual o país investiu, que outros saberão aproveitar.
Se o desemprego é um grande flagelo, a fuga de jovens para o estrangeiro é uma tragédia nacional. No imediato podemos não sentir os seus efeitos, preocupados que andamos com a crise financeira, mas no médio e longo prazo será muito duro. Ver longe tem sido um défice crónico nacional...
Margarida Corrêa de Aguiar