Historicando

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historicando@gmail.com

31 dezembro 2010

Bom ano 2011...

É fundamental ler

Alunos portugueses são incapazes de explicar ideias simples.
Os alunos portugueses são incapazes de estruturar um texto ou de explicar um raciocínio básico, revela um estudo do Ministério da Educação realizado em 1700 escolas.
As conclusões são do Relatório 2010 do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) e traçam um quadro preocupante quanto às capacidades dos estudantes.
Como dar a volta a isto? É fundamental que pais e professores, em casa e nas escolas, ponham as crianças e os jovens a ler.

Lei n.º 55-A/2010

Lei n.º 55-A/2010.

Congelamento do tempo para a progressão, no n.º 9 do art.º 24.º:
"9 — O tempo de serviço prestado em 2011 pelo pessoal referido no n.º 1 não é contado para efeitos de promoção e progressão, em todas as carreiras, cargos e, ou, categorias, incluindo as integradas em corpos especiais, bem como para efeitos de mudanças de posição remuneratória ou categoria nos casos em que estas apenas dependam do decurso de determinado período de prestação de serviço legalmente estabelecido para o efeito."

Amor grego

A língua grega ajuda-nos a analisar as várias conotações das palavras e ilumina-nos a considerar as definições da palavra “amor”.
Assim, para a palavra grega "ágape" têm: esse tipo de amor é o respeito profundo e permanente que temos para si. É o tipo de amor que comanda as nossas intenções e direcciona nossas decisões diárias (caridade, ajuda).
Para a palavra "phileo" podemos concluir que essa palavra descreve afeição íntima e pessoal para com os outros ou as coisas que nós podemos ter, com o significado de amor fraterno, amizade.


Temos ainda "stergo".
A palavra indica afeição natural que se possa ter para com o outro, como um marido para uma mulher.
Por fim, a palavra "eros" é uma palavra que refere-se simplesmente apaixonado, o amor carnal tipo erótico.

Crise

A – Euro ou novo escudo?
B – Mudar o tratado da UE? (défice 3% do PIB; divida publica não superior a 60%)
C – Sair da UE e mantermos o euro?

29 dezembro 2010

4.000 euros por aluno/ ano

As escolas privadas com contrato de associação vão receber a partir do próximo ano lectivo 80.080 euros por ano e por cada turma que seja objecto de financiamento, segundo uma portaria do ministério da educação hoje divulgada.
No entanto, «em casos excepcionais e devidamente fundamentados», no ano lectivo de 2011/2012, o Estado pode conceder «um reforço de subsídio por turma, nunca superior a cinco por cento» daquele valor.
A portaria estabelece ainda que sempre que o número de alunos de uma turma seja inferior a 20, o valor do subsídio anual é alvo de uma redução.

Igreja Católica

“ (…) Obviamente que a Igreja Católica, com as suas história, tradições culturais e civilizacionais, continua a ser a que tem mais fiéis e peso na sociedade portuguesa. Mas é hoje uma Igreja aberta à sociedade, à democracia e às mudanças geoestratégicas, pelas quais o mundo, no seu conjunto, está a passar. É um não religioso e agnóstico que o constata.
(…) Podemos hoje dizer, objectivamente, que a Igreja Católica portuguesa é, certamente, das mais abertas ao espírito do tempo.”
A pausa do Natal, por MÁRIO SOARES, Diário de Notícias, 28.12.2010

28 dezembro 2010

Raciocinar

O FCPorto nos últimos 26 anos ganhou 17 campeonatos, ganhou 10 Taças de Portugal, tantas como o Benfica e Sporting juntos e, já agora, ganhou 14 Supertaças. Nesse mesmo período, foi duas vezes Campeão Europeu, ganhou uma Taça UEFA, uma Supertaça Europeia e foi Campeão Intercontinental por duas vezes.
Pois durante um recente programa de comentário sobre futebol, perguntava-se o que explicava a vantagem do FCPorto sobre os adversários. Acontece que 77% das respostas atribuíam o facto às arbitragens e apenas 12% ao mérito da equipa ou do treinador.
Em critério e rigor de análise, a malta da bola e o pessoal da política estão de acordo no jogo e convergem absolutamente no resultado.
A malta da bola apanha permanentemente boladas, rasteiras e caneladas, e sai sempre mal ferida das ilusões que a magalomania dos dirigentes e treinadores diariamente lhes criam, para seu bem, claro está. E, mesmo levando pela medida grossa, a malta da bola acredita sempre que a culpa é só dos adversários especuladores.
Também na política os défices orçamentais, para muita opinião publica a culpa é dos especuladores financeiros e dos mercados internacionais. Nós somos apenas vítimas. Enquanto assim for, não se podem queixar.

27 dezembro 2010

Definição

Um Homem bom gosta das pessoas e usa as coisas.
Um Homem mau gosta das coisas e usa as pessoas.

26 dezembro 2010

Drogas electrónicas / e-drugs


Já não conseguimos viver sem um computador, sem navegar na Internet, vivemos num mundo que já não funciona sem as famosas tecnologias. E como as novas tecnologias estão sempre a aparecer e evoluir, surgem agora as drogas electrónicas que não são mais do que sons e impulsos sensoriais que prometem efeitos físicos e mentais semelhantes aos da heroína, cocaína, ecstasy, LSD, álcool e até do viagra.
Esta nova droga consiste num software, I-doser, que emite doses de ondas sonoras que interferem nas ondas cerebrais do utilizador.
Este software pode ser descarregado no site oficial, onde são vendidas as doses de áudio. O seu uso é limitado, não sendo possível a reutilização depois de algumas doses (…)
A dose funciona de uma maneira muito simples, através do envio de sons que estimulam o cérebro, elevando ou baixando as ondas cerebrais até determinada frequência que gere o efeito desejado.(…)
Cada dose de áudio dura entre quinze a sessenta minutos. Esta deve ser ouvida através de auscultadores, num local silencioso e com luz fraca. Caso se utilizem colunas, já não terá efeito, pois é emitido um som distinto em cada ouvido ao mesmo tempo. Diz o site do I-doser que quanto maior a qualidade dos auriculares, melhor será a experiencia. As doses estão agrupadas em categorias, como por exemplo: doses espirituais, sedativas, dieta ou sexuais.(…)
Alguns especialistas dizem que os efeitos desta droga e dependência ainda não estão muito claros, apesar de serem perigosas pelo facto de “mexer” como o nosso cérebro.(…)
Por Diná Trindade

25 dezembro 2010

Republicação dos TPC


22 Dezembro 2010
Paralelo 38

(…)
Em 3 de Julho de 1950, depois de várias tentativas para derrubar o governo do sul, a Coreia do Norte ataca de surpresa e toma Seul, a capital. As Nações Unidas condenam o ataque e enviam forças, comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, para ajudar a Coreia do Sul a repelir os invasores. Em 15 de Setembro, Seul é libertada.
(…)
Todo este conflito, guerra, desconfiança, minam os povos desde então para satisfação de uns quantos governantes. Totalitarismo versus democracia.
Agora atentem no mapa e vejam por onde passa o paralelo 38.
Quem disse que a moléstia não contamina?
Publicada por LCB em 12:31 AM
06 Dezembro 2010
Mundos Paralelos

Você, leitor, acredita que o Poder Central manda em tudo? Olhe que não! Apesar disso, manda, e manda muito. Por vezes demais. Mete o nariz onde não é chamado. Controla as finanças, a economia, a educação, a saúde, a defesa, a representação do Estado, sei lá que mais…
Mas você, leitor, já ouviu falar no adágio popular: longe da vista, longe do coração? É o que se passa longe da capital, onde estão instalados os Poderes Locais, tão queridos quando queremos glosar os excessos do centralismo, mas tão mesquinhos quando se ateiem ao compadrio, à cunha, à maledicência, à protecção dos afilhados da força política localmente dominante.
E as pessoas, o que acontece às pessoas?
Rejubilam ou definham conforme são ou não da cor dominante.
Calculo que haverá muita hipocrisia, muito ressentimento, muita inveja, por esse país fora, apesar de serem da mesma cor do centrão. Agora imaginem o que é viver e trabalhar numa zona ao avesso do Poder Central, nestes últimos 34 anos!
O Poder Local esmaga, tritura, quem não for dos deles. Estão a pensar que isso se fica pelo domínio político? Não, não fica. Invade a esfera familiar, social, cultural, laboral… Primeiro identificam, depois cercam, por fim reduzem a pó quem ousa pensar diferente. Por isso tantos se acobardam, tantos fingem, uns poucos resistem. O centrão está tão entretido, com jogos de poder, nas capelinhas da capital, que não quer saber verdadeiramente daqueles outros que são a sua seiva. Lembram-se apenas de 4 em 4 anos…
Então para quê resistir? Coerência, resiliência, formação, espinha vertical, é o que explica, apesar de tudo, que homens e mulheres tão maltratados aguentem com estoicismo e vivam e trabalhem nestes Mundos Paralelos.
Publicada por LCB em 12:29 AM
25 Novembro 2010
Um País de Pessoas

Eles não ouviram as pessoas, perseguiram as pessoas, calaram as pessoas, falaram pelas pessoas, pensaram pelas pessoas, decidiram contra as pessoas, humilharam as pessoas, desanimaram as pessoas, desvitalizaram as pessoas, comeram as pessoas. E o país definhou! Eles criaram um deserto de faraós, uma democracia de faiança pobre feita de “eles” e “nós”.
Porém, as pedras preciosas deste país são as pessoas. Sem petróleo, sem minas de ouro ou de diamantes, as pessoas são o tesouro mais bendito: é da força, da imaginação, da inteligência e do coração das pessoas que este país há-de rebrotar. E há-de rebrotar, quando as pessoas resgatarem a sua humanidade.
Publicada por LCB em 11:20 PM
18 Outubro 2010
República dos Marajás

Onde fica tal república?
Coordenadas geográficas: 39°30 Norte, 8°00 Oeste; Superfície: total: 92 139 km²
Publicada por LCB em 11:24 AM
02 Outubro 2010
Cansado...

Mil oitocentos e vinte e cinco dias (5 anos) passados, e refiro-me a 31/12/2005, obrigam-me a regressar ao vencimento que auferia nessa data! Um corte de +/- 7%.
"Congelam-me" desde Abril de 2004. Primeiro seria descongelado em Abril de 2009, depois em Abril de 2010, mais tarde em Agosto de 2012.
Agora saiu isto: "Até ao final de 2011, o tempo de serviço prestado (...) não é contado para efeitos de progressão, em todas as carreiras, cargos e, ou, categorias, incluindo as integradas em corpos especiais, bem como para efeitos de mudança de posição remuneratória ou categoria (...)".
Portanto um novo congelamento de vencimento e de tempo de serviço que atira para finais de 2013...
Ainda alguém acredita?
Publicada por LCB em 4:44 PM
15 Fevereiro 2008
7 Pecados no Alentejo...

• A inveja – Pensar pela própria cabeça.
• Avareza – Ganhar dinheiro. Inadmissível. Só se for longe, e que não volte!
• A preguiça – Ser “retornado”, mesmo que 65% da vida se tenha passado aqui.
• A gula – Lutar por um ideal.
• A ira – Ser democrata, e como tal, contra as unicidades...
• A soberba – Passar ao lado do cânhamo, dos arco-íris, e das “loiras”.
• A luxúria – Ter critério sentimental, abominando interesses.
Publicada por LCB em 12:54 AM
18 Novembro 2007
Metáfora

Era uma vez uma caixa. Uma caixa de fósforos. E a caixa de fósforos estava dentro de nós. E os fósforos eram a emoção, o saber, a razão, a experiência, a compaixão, a dádiva, o compromisso. Todos tínhamos, em graus diversos, estas sementes de vida.
Era uma vez um detonador que acendia um fósforo, às vezes todos os fósforos. Uma palavra. Um contexto. Um olhar. Uma consciência. Um estímulo. Uma liderança. Um reconhecimento. Uma política mobilizadora. E havia então o fogo, o lume que aquecia uma relação. Um entusiasmo.
Era uma vez o oxigénio que mantinha a chama acesa. Contra o vento, contra a desautorização, contra a rotina, contra a inércia, contra o medo, contra a indiferença, contra a humidade que tornava os fósforos inúteis. Que palavras, que contextos, que consciências, que estímulos, que lideranças, que reconhecimentos, que políticas farão acender e durar a chama de uma acção profissional dedicada e justa? Eis a questão.
Publicada por LCB em 11:46 PM
26 Outubro 2007
Nós e os "idiotas"

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam-lhe a escolha entre duas moedas: - uma grande de 400 REIS e outra menor, de 2000 REIS. Ele escolhia sempre a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos de todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e perguntou-lhe se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
-Eu sei, respondeu o tolo. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar a minha moeda.
Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando a sua fonte de rendimento.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, o que realmente somos.
Publicada por LCB em 4:31 PM
22 Agosto 2007
Estou tentado em concordar

15:40 (JPP)
DA RETÓRICA MACRO (DAS "REFORMAS") À REALIDADE MICRO: O CASO DAS ESCOLAS E DOS PROFESSORES
Uma mera observação do mecanismo dessas escolhas mostra que estão feitas para, a prazo, afastar do sistema escolar os professores que dão aulas há mais anos e que são, por norma, os mais qualificados. Como muitos aspectos da reforma da função pública, que foram feitos á pressa e apenas para poupar dinheiro, corre-se o risco de estar a desertificar a função pública do seu know-how mais especializado, do seu capital de experiência. Isto é muito bonito na retórica, mas na prática quem está a apanhar com a ameaça de despedimento a prazo, são os mais velhos, os mais experientes, os que tem maior currículo e saber. Não se trata de fazer eco da resistência sindical às mudanças que tanto favoreceu a fragilidade dos professores face ao Ministério. Trata-se de casos em que os professores têm pura e simplesmente razão para se sentirem injustiçados e as reformas podem ter um efeito perverso de agravarem a qualidade do ensino ao empobrecerem a quantidade de "saber" existente dentro das escolas.
In ABRUPTO, 22/08/07
Publicada por LCB em 11:10 P
28 Julho 2007
Concordo...

“Se eu fosse mais cinzento tinha menos inimigos.” Concordo...
Extracto de uma entrevista a Saldanha Sanches à revista Visão.
Publicada por LCB em 2:11 AM
13 Julho 2007
Digo eu...

Os professores e as professoras têm de orientar a sua dedicação para tarefas “pedagogicamente ricas”: criar um bom clima, estimular o compromisso optimista, desenvolver boas relações, favorecer a dimensão ética da organização, prestar atenção aos afectos... Quando a principal preocupação assenta na burocracia, no controlo ou em tarefas de somenos importância, a função docente fica empobrecida.
Publicada por LCB em 4:32 AM
01 Julho 2007
Voz corrente

"A Educação? O pior sistema que andamos a estruturar há dezenas de anos, já não se aguenta nas premissas básicas a um qualquer sistema de ensino: ensinar algo a alunos que devem aprender, para formação de elites. Os professores não ensinam porque os manuais não prestam e os programas idem. Idem aspas, para os alunos que preferem a facilidade de passar sempre, porque os pais assim o exigem e as estatísticas também. Aprender alguma coisa? Um pormenor sem importância. Saber algo mais do que aquilo que se aprende na tv? Uma inutilidade."
Medina Carreira dixit
Publicada por LCB em 1:23 AM
12 Maio 2007
Marimbondos

Continua viva entre os auto-designados sectores progressistas a convicção que se é intelectual e moralmente superior aos outros, ou seja àqueles que pensam doutro modo e que eles encafuam na direita.
Publicada por LCB em 1:35 A
23 Abril 2007
Encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil.
Plutarco
Publicada por LCB em 11:08 PM
09 Abril 2007
A HISTÓRIA é uma moda?

Ouvi numa rádio que o Dr. Mário Soares, na semana passada, deu uma extensa entrevista a um órgão da comunicação social espanhol de referência.
Segundo o Dr. Mário Soares, algo falhou no ensino em Portugal, para que no concurso televisivo português " Os Grandes Portugueses" tivesse ganho a figura do Dr. Oliveira Salazar.
A minha questão é a seguinte: há ou não relação entre o resultado final do dito concurso, e a diminuição iniciada em 1992 da carga horária semanal da disciplina de HISTÓRIA?
Depois admiram-se com os resultados....
Publicada por LCB em 12:34 PM
05 Abril 2007
calhandreiras...

RepublicaçãoMandamentos que se guardam no bolso
1. Para destruir alguém pode bastar uma calúnia bem embrulhada.
2. Para construir boa reputação, uma vida inteira pode não chegar.
O grau de incerteza destas leis é directamente proporcional ao relevo dos cépticos numa dada sociedade, mas depende também da facilidade com que as calúnias são bem embrulhadas.
Publicado em 4 Abril 2007 por Rui Cerdeira Branco
Publicada por LCB em 11:24 PM

23 dezembro 2010

História da Rússia



Desdobrando-se por dois continentes, Europa e Ásia, a Federação Russa surge como a maior nação do mundo, marcada por ambiguidades e contrastes. Berço de exaltada espiritualidade e de profundo teísmo, quando Moscovo assumiu a herança de Constantinopla e se fez Terceira Roma, o país também viveu um entranhado ateísmo estatal quando cenário da primeira Revolução Socialista da história; à paisagem predominantemente plana – ¾ do território é constituído de planícies e vales – conjuga-se a elevação majestosa dos Urais, com altitudes que ultrapassam os cinco mil metros; os centros urbanos e reluzentes como Moscovo e São Petersburgo associam-se as regiões inóspitas e as planícies geladas da Sibéria, " casa dos mortos" das recordações de Dostoievski; aos cerca de 120 mil rios que cortam a vastidão territorial junta-se a carência de saída para águas navegáveis; à longa costa regelada nos mares Glacial Árctico e de Bhering vinculam-se praias de sol e águas cristalinas na costa do Mar Negro; à contemplação passiva e silenciosa da Igreja Ortodoxa emparelha-se o activismo revolucionário dos partidos operários. Assim é a Rússia: desertos e taigas, dachas e metrópoles, amor e militância, guerra e paz convivem na imensidão de seu território, provocando e convocando ao desvendamento de seus mistérios e encantos. Sua história tem início com o estabelecimento, no território, por volta do século IX, de guerreiros e comerciantes da Escandinávia, os chamados Väringer, conhecidos como Vikings. Estes combatiam o povo local – os rus – e utilizavam os vencidos como escravos, slavs. Atribuem-se a esses invasores escandinavos a cunhagem e adaptação dos termos russo e eslavo.
O primeiro estado eslavo na região foi o Rus de Kiev, que se estendia do Dnieper até os grandes lagos. No século XI, o principado de Kiev foi dividido em vários estados, surgindo, então, outros centros urbanos importantes, como Novgorod, Souzdal e Galícia Volynia. No século XIII, a Rússia foi invadida pelos mongóis, bandos de invasores nómadas, liderados por Gêngis Khan. Depois de esmagarem a resistência das cidades separadas, as hordas invasoras promoveram enorme devastação, arruinando o fruto de séculos de trabalho, e exerceram um domínio de mais de dois séculos sobre a vida política e cultural do povo. Batu Khan, neto de Gêngis Khan, foi o responsável pela consolidação do império mongol na Rússia. Seu avô dividiu o império em quatro partes e coube a ele a parte norte; em 1242 ele estabeleceu a famosa Horda de Ouro, estado mongol formado pelo sul e leste russos. Há quem diga que a invasão mongólica foi "a experiência mais traumática do povo russo".
De 1240 a 1242, Daniel, filho do príncipe Alexandre Iaroslavitch Nevski, deteve as tentativas de invasão de Novgorod por parte dos germânicos; mas, com a derrota ante os lituanos, a hegemonia do principado de Novgorod chegou ao fim em 1370. Moscovo passou a ser o centro da nação russa. Para isso contribuem as lutas sucessórias da Horda de Ouro e a tomada de Constantinopla pelos turcos. Este último acontecimento fez de Moscovo a capital do cristianismo ortodoxo.
No século XVI, Ivan IV, o Terrível, casado com Anastácia, dos Romanov, consolidou o absolutismo na Rússia e implantou uma política expansionista. Assumiu o título de Czar ou Tzar, organizou um exército regular, submeteu os boiardos à centralização do estado e expandiu o domínio de Moscovo. Boris Godunov, seu cunhado e sucessor, apoiado na igreja, deu continuidade a sua política. Com a morte de Godunov, instalou-se uma crise sucessória. Os boiardos, se aproveitando da situação vigente, estimularam rebeliões no campo e apoiaram a invasão polonesa. Em 1612 os poloneses foram expulsos e uma assembleia elegeu o Czar Mikhail Romanov (1596-1645). Essa dinastia permaneceu no trono russo até o final do regime monárquico em 1917. Com os Romanov teve início um período de crescimento que culminou com a elevação da Rússia ao estatuto de grande potência sob o domínio de Pedro, O Grande.
Pedro promoveu um amplo programa de modernização e fundou São Petersburgo que, em 1712 se tornou a capital do império. Estimulou a indústria, o comércio, a colonização e a vinda de artesãos, artistas e literatos.
Em 1762, assumiu o poder Catarina II. Ela reforçou ainda mais o absolutismo do poder russo e promoveu a anexação de várias regiões. Com o apoio da Igreja Ortodoxa, governou com poder absoluto. No seu reinado, juntamente com a Áustria e a Prússia, a Rússia participou da partilha da Polónia, transformando-se na maior potência da Europa Oriental. Embora amiga de vários expoentes do iluminismo, Catarina era adversária da Revolução Francesa. Após a sua morte, seu filho, Paulo, sucedeu-a. Foi, entretanto, assassinado em 1801 e substituído pelo filho, Alexandre I, que recusou aliar-se ao império napoleónico. Em 1812, a Rússia foi invadida pelas forças militares do imperador corso. Os russos incendiaram Smolensk, destruindo tudo que fosse de utilidade para os invasores. Depois da Batalha de Borodino, Napoleão ocupou Moscovo e se alojou no Kremlin. Os russos, então, atearam fogo na cidade, destruindo tudo e obrigando as tropas francesas a bater em retirada. Durante cinco dias Moscovo ardeu em chamas. Sucumbindo à neve, ao frio intenso, a falta de alimentos e aos constantes ataques dos russos, os franceses protagonizaram uma das retiradas mais dramáticas da história universal. Cadáveres de soldados povoaram as desérticas estepes da Rússia, e os que conseguiam atravessar as fronteiras alemãs chegavam em condições sub-humanas, maltrapilhos, exaustos e famintos.
No final do século XIX a industrialização provocou o surgimento dos centros urbanos e dos grupos de inspiração marxista, como o Partido Operário Social Democrata Russo.
No início do século seguinte, em Março de 1917, uma revolução, liderada por um grupo moderado do partido, os mencheviques, derrubou Nicolau II e instaurou uma república parlamentar. Formaram-se os sovietes, assembleias de operários camponeses influenciados pelos bolcheviques, ala radical do Partido Operário que vai dar origem ao Partido Comunista. O desprestígio dos mencheviques por insistirem na participação da Rússia na I Guerra os faz perder o apoio popular, fato que dá a Lenine, líder bolchevique, a oportunidade de comandar uma insurreição e instaurar um governo revolucionário. Depois de quatro anos de Guerra Civil, Lenine assume o domínio sobre o País, auxiliado pelo Exército Vermelho, criado por Trotsky. Morre em 1924 e é Estaline que vai assumir o controle do PC e do governo soviético. Durante 31 anos o estalinismo vigorou na Rússia, estabelecendo um período de terror e de arbitrariedades. Milhares de pessoas foram dizimadas em campos de trabalho e morte, antigos dirigentes bolcheviques foram condenados à deportação ou ao fuzilamento sumário; perseguições e forte repressão atingiram os presumidos opositores do regime. Em 1943, entretanto, Estaline impede o avanço das tropas alemãs em território russo, na famosa Batalha de Estalinegrado. Em 1945, a Rússia emerge como a maior potência do mundo, submetendo o Leste europeu. Os Estados Unidos reagiram ao poder soviético, o que dividiu o mundo em dois blocos rivais. Esta reacção desencadeou a chamada Guerra-fria. Esse confronto quase levou o mundo a uma guerra nuclear em 1962, quando, no governo de Kruchev, que sucedeu Estaline, a Rússia pretendeu instalar mísseis em Cuba.
Kruchev promoveu uma moderada abertura política e denunciou os crimes do período estalinista. Um golpe, levado a efeito em 1964, coloca no poder Leonid Brejnev. Brejnev reprime o processo de democratização da Checoslováquia, conhecido como Primavera de Praga. E em 1978 invade o Afeganistão, decidido a intervir militarmente onde houvesse qualquer ameaça ao modelo soviético. Sucederam Brejnev, que morreu em 1982, Yuri Andropov e Konstantin Tchernenko, que também morrem após pouco tempo de governo. Em 1985, assumiu o poder russo Mikhail Gorbachev, que deu início 'as reformas que levariam ao fim da União Soviética: a Glasnost (transparência) e a Perestroika (reestruturação).
Em Agosto de 1991, Boris Ieltsin sufoca um golpe ensaiado contra Gorbachev por forças conservadoras. Sai fortalecido, mas contribui para o desgaste da autoridade de Gorbachev, que renunciou em Dezembro de 1991. Ieltsin é eleito presidente e reeleito em 1996. Em Agosto desse ano, Ieltsin nomeia Putin , do serviço secreto russo, para a chefia do governo. Em Setembro, Putin ordena a segunda invasão da Chechénia e se torna forte candidato a sucessão. Em Março de 2000, com 52, 94% dos votos, Putin vence as eleições presidenciais na Rússia.
Fonte: www.ayasofya.com.br

22 dezembro 2010

Paralelo 38 - Portugal

Paralelo 38

Guerra Fria. Em 1950, cinco anos depois de derrotar a Alemanha nazi, os Estados Unidos e a União Soviética, ex-aliados, entram em conflito pelo controle da Coreia, uma nova zona de influência, arriscando provocar uma terceira guerra mundial. A península da Coreia é cortada pelo paralelo 38, uma linha que divide dois exércitos, dois Estados: a República da Coreia, no sul, e a República Popular Democrática da Coreia, no norte. Essa demarcação, existente desde 1945 por um acordo entre Moscovo e Washington, dividiu o povo coreano em dois sistemas políticos opostos: no norte o comunismo apoiado pela União Soviética, e, no sul, o capitalismo apoiado pelos Estados Unidos.
Em 3 de Julho de 1950, depois de várias tentativas para derrubar o governo do sul, a Coreia do Norte ataca de surpresa e toma Seul, a capital. As Nações Unidas condenam o ataque e enviam forças, comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, para ajudar a Coreia do Sul a repelir os invasores. Em 15 de Setembro, Seul é libertada.
Com essa vitória, os Estados Unidos mantêm sua supremacia no sul. Mas, para eles isso não basta. Em 1 de Outubro, as forças internacionais violam a fronteira do paralelo 38, como os coreanos haviam feito, e avançam para a Coreia do Norte. A capital, Pyongyang, é invadida pelo exército sul-coreano e pelas tropas das Nações Unidas, que, em Novembro, se aproximam da fronteira com a China. Ameaçada, a China envia trezentos mil homens para ajudar a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte é devastada. Os suprimentos enviados pela União Soviética são interceptados pelas forças das Nações Unidas. Com a ajuda da China, as forças das Nações Unidas são rechaçadas para a Coreia do Sul. A luta pelo paralelo 38 continua.
Em 23 de Junho começam as negociações de paz, que duram dois anos e resultam num acordo assinado em Pamunjon, em 27 de Julho de 53. Mas, o único resultado é o cessar-fogo.
A Guerra da Coreia durou três anos e matou pelo menos três milhões e quinhentas mil pessoas. No final, tudo como antes. As fronteiras permaneciam as mesmas, no paralelo 38, e os regimes dos dois países também: o norte sob o domínio dos comunistas pró-soviéticos e o sul controlado pelos capitalistas pró-Estados Unidos. (http://www.g-sat.net/historia-1394/guerra-fria-81391.html)
Todo este conflito, guerra, desconfiança, minam os povos desde então para satisfação de uns quantos governantes. Totalitarismo versus democracia.
Agora atentem no mapa e vejam por onde passa o paralelo 38.
Quem disse que a moléstia não contamina?

21 dezembro 2010

10 provérbios sobre a blogosfera

- O hábito faz o blogger.
- Link com link se paga.
- Quem bloga por gosto não cansa.
- Mais vale um post no blogue que dois no rascunho.
- Os posts não se medem aos palmos.
- Diz-me o teu blogroll, dir-te-ei quem és.
- Blogue que vai à frente alumia duas vezes.
- Mudam-se os tempos, mudam-se os templates.
- No melhor blogue cai a nódoa.
- Blogues não pagam dívidas

20 dezembro 2010

A partilha da África e da Ásia

O desenvolvimento do capitalismo, ocorrido na Europa na segunda metade do século XIX, criou a necessidade de buscar novos mercados de investimentos para o capital excedente gerado na Europa, garantindo o escoamento da gigantesca produção industrial e o fornecimento de matéria-prima.
Existiam, ainda, outros factores que tornavam a política colonialista atraente para os governos europeus: a possibilidade de transferir colonos para as regiões conquistadas, resolvendo o problema de superpopulação na Europa. Além disso, a mão-de-obra barata das colónias interessava aos investidores, pois a classe trabalhadora europeia, organizada em poderosos sindicatos e partidos políticos, tinha conseguido garantir bons salários e melhores condições de trabalho.
A propaganda em favor do imperialismo, vital para o desenvolvimento do capitalismo, baseava-se em teorias pseudo-científicas. Essas teorias, em geral, estabeleciam uma hierarquia entre os diferentes povos, classificados como “mais” ou “menos” civilizados. O primeiro lugar, naturalmente, cabia à sociedade europeia, modelo para o resto do mundo. Assim, a dominação de outros povos seria uma contribuição para o progresso da humanidade.

A conquista da Ásia

O comércio entre a Ásia e a Europa remontava ao império romano. A primeira era uma tradicional fornecedora de artigos de luxo ao continente europeu.
Após a Revolução Industrial, essa relação se alterou. A expansão da indústria têxtil inglesa provocou a estagnação do artesanato asiático. Depois disso, a Ásia passou de vendedora a compradora dos produtos europeus, especialmente os britânicos. Esse foi o primeiro passo para a conquista colonialista europeia.

A conquista da Índia

Já na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra iniciou a colonização dessa região. Após conquistar o litoral, o governo inglês, auxiliado pela Companhia das Índias Orientais, iniciou a investida para o interior. Valendo-se das rivalidades que dividiam os principais estados da Índia, a Inglaterra, ora aliando-se, ora dominando pela força, impôs sua autoridade sobre todos os reinos.
Em 1857, estourou a revolta dos sipaios, última tentativa de resistência à conquista britânica, duramente reprimida pelo exército colonialista. Em 1876, a rainha Vitória, da Inglaterra, foi coroada imperatriz da Índia. O domínio britânico na Índia permaneceu inabalável até 1919.

A China

Até a primeira metade do século XIX, o , comércio da China com o Ocidente era realizado quase que exclusivamente no porto de Hong-Kong. Os europeus nada tinham a vender aos chineses em troca de imensas quantidades de chá, seda e outras mercadorias chinesas.
A situação começou a se modificar quando a Companhia das Índias Orientais passou a contrabandear ópio para a China. O ópio era produzido na Índia e na Birmânia, em grandes plantações exploradas pelos europeus, e seu tráfico para a China gerava enormes lucros.
O governo chinês apelou para o governo inglês, na tentativa de evitar o contrabando. Como não obtivesse resultados, tomou medidas mais enérgicas: em 1839, na cidade de Cantão, foram queimadas 20.000 caixas de ópio. A Inglaterra reagiu prontamente, declarando guerra à China.
Vencido pelo poderio naval inglês, o governo chinês assinou o Tratado de Nanquim, em 1842. A Inglaterra anexou Hong-Kong ao seu império; cinco portos chineses foram abertos ao comércio inglês; e os cidadãos ingleses tornaram-se imunes às leis e à justiça chinesa.
Depois dessa derrota, a China se transformou em alvo de outras potências imperialistas. Em fins do século XIX, Inglaterra, Alemanha, Japão, Estados Unidos, França e Itália dividiam entre si os lucros vindas da exploração chinesa.
Em 1851, estourava na China uma grande revolta popular, liderada pelo movimento Taiping, “a grande paz”. Essa revolta só foi debelada em 1864. Mas sua herança não se perdeu e, em 1901, outro movimento estourava na China: era a Revolta dos Boxers, assim conhecida porque seus integrantes utilizavam-se das artes marciais chinesas para atacar os europeus. Também foi duramente reprimida.

As outras regiões da Ásia

Na segunda metade do século XIX, o Sudeste asiático foi reduzido à condição de colónia francesa. Em 1859, após 57 anos de lutas, a França conseguiu dominar as cidades de Saigon e Tourane. Pouco tempo depois, valendo-se da rivalidade entre os governos do Camboja e do Sião, o império colonialista francês converteu o Camboja em seu protectorado (1863).
Com o avanço das fronteiras coloniais francesas para o oeste, a Inglaterra impôs sua autoridade à Birmânia (1886).
Para garantir a supremacia britânica sobre a Índia, a Inglaterra fomentou a formação de “estados intermediários”, independentes mas sob a protecção britânica, isolando as fronteiras do império colonial inglês das regiões disputadas por outras potências. Foi o caso cio Nepal (1816), do Butão (1865) e do principado de Sikkin (1890).

A conquista da África

Até o início do século XIX, o interior da África era desconhecido para os europeus. Em meados desse século, com a divisão de quase todo o território asiático completada, os governos europeus voltaram seus interesses para o continente africano. Foram organizadas as primeiras missões religiosas e expedições exploradoras para esse continente.
Em 1867, foram descobertas as jazidas de diamantes do Transvaal. Logo depois, importantes reservas de cobre foram encontradas no território da futura Rodésia. Iniciou-se então a partilha do território africano. Em troca de álcool ou algumas garrafas de gim, os chefes ou reis, induzidos pelos exploradores, cediam todo o seu território às sociedades anónimas.
Atrás das companhias, vinha o governo, organizando a infra-estrutura para a exploração da colónia, preservando os direitos de exploração do território da concorrência estrangeira e submetido os nativos “rebeldes”. Assim, em menos de 20 anos, todo o território ao sul do Saara foi submetido ao colonialismo europeu.

A partilha

A França foi um dos primeiros países a conquistar colónias na África. Em 1830, a Argélia foi ocupada com o auxilio da legião estrangeira, corpo expedicionário criado pelo governo francês e composto por criminosos, desertares, imigrados políticos e aventureiros. Em 1844, o Marrocos foi parcialmente submetido ao controle francês e, em 1854, foi a vez do Senegal. Partindo desses pontos, a França avançou para o interior do continente, conquistando a Guiné, o Gabão, uma parte dos territórios do Congo e do Sudão. Em 1910, esses territórios formavam a África Ocidental Francesa.
Na mesma época, Madagáscar e a Tunísia foram incorporados ao império colonial francês, apesar da disputa com a Itália pela Tunísia.
O projecto colonial inglês, definido na expressão “do Cairo ao Cabo”, era unificar numa única colónia todos os territórios compreendidos entre a colónia do Cabo (Sul da África) e o Egipto (Norte da África).
A construção do canal de Suez impulsionou a Inglaterra em direcção ao Egipto, apesar da presença francesa na região.
A colonização inglesa no Sul do continente africano foi iniciada por Cecil Rodhes, que explorava as reservas de ouro e diamantes encontradas nessa região. Em 1888, a companhia dirigida por Cecil Rodhes iniciou a conquista da Rodésia.
Entre 1888 e 1891, o Quénia, a Somália e Uganda foram incorporados ao império britânico. Em 1899, os ingleses tornaram o Sudão da França e o Transvaal dos bóeres, população de origem holandesa que lá estava desde o século XVIII.
Mas as pretensões coloniais inglesas esbarraram em um empecilho – a Alemanha, que reclamava para si o território de Zanzibar. Além dessa colónia, a Alemanha havia conquistado, entre 1884 e 1885, os territórios de Camarões, Togo e Namíbia (Sudoeste africano).
Não podemos esquecer Portugal, que havia muito tempo tinha colonizado a costa de Angola e Moçambique, Guiné-Bissau e as ilhas de Cabo Verde.
A região central do continente africano era disputada por vários países europeus. Para decidir a questão, foi organizado um congresso internacional em Berlim. Foi a denominada Conferência de Berlim (1884-1885).
O congresso reconheceu a soberania belga sobre o Congo, garantindo liberdade de comércio para todos os países presentes no congresso. A ocupação desse território foi uma das mais sangrentas da história do colonialismo europeu. A população local foi escravizada, milhares de pessoas morreram de fome, pelos trabalhos forçados, pelas doenças trazidas pelos brancos e pelos massacres colectivos promovidos contra as aldeias que se rebelavam.

O resultado da colonização

No final do século XIX, praticamente todo o mundo estava dividido e dominado pelas potências imperialistas da Europa Ocidental. Em geral, os povos conquistados eram sociedades praticamente auto-suficientes, com uma produção capaz de suprir suas necessidades.
A penetração do capitalismo nessas regiões quebrou esse equilíbrio. As colónias tinham, para os conquistadores, funções económicas específicas: suprir a metrópole das matérias-primas necessárias e absorver grande parte do capital excedente da metrópole. Para atender à primeira função, os nativos tiveram que sacrificar suas plantações de subsistência e passar a trabalhar nas plantações de produtos que interessavam à metrópole como matéria-prima. Em segundo lugar, toda a economia dos países colonizados foi reestruturada em função das novas necessidades criadas pelos investimentos nas actividades de exportação: ferrovias foram construídas, ligando o interior a portos, sem respeitar as necessidades de integração regional de cada continente.
Mas não foi só na Ásia e na África que o neocolonialismo aconteceu. As potências imperialistas disputavam também o mercado que os países independentes da América Latina ofereciam.
Por Paulo Henrique Matos de Jesus; Pesquisa e revisão de LCB

19 dezembro 2010

Estados Unidos da América – Séc. XIX – XX

Os primeiros anos do século XIX foram marcados pela expansão territorial. Em 30 de Abril de 1803, os Estados Unidos compraram a Louisiana à França por 15 milhões de dólares, mais do que duplicando o território do país. As terras indígenas foram sendo apropriadas pelos brancos. Doze estados, entre 1791 e 1845, juntaram-se aos 13 iniciais: Vermont (1791), Kentucky (1792), Tennessee (1796), Ohio (1803), Louisiana (1812), Indiana (1816), Mississípi (1817), Illinois (1818), Alabama (1819), Maine (1820), Missouri (1821) e Florida (1845). Este último foi comprado em 1819, por cinco milhões de dólares, à Espanha, após ter sido invadido por tropas comandadas pelo general Andrew Jackson em 1812.
Doutrina Monroe. A guerra contra o Reino Unido ampliou e solidificou a consciência nacional dos Estados Unidos, criou forte oposição ao colonialismo europeu e lançou as bases de um dos princípios básicos da política externa daquele país: a América é área sob protecção e controle dos Estados Unidos.
Data dessa época, durante o governo James Monroe, o surgimento da doutrina que leva seu nome, segundo a qual os Estados Unidos não admitiriam nenhuma agressão externa a qualquer país do continente. O slogan "as Américas para os americanos" propiciou equívocos políticos, militares e económicos que se prolongariam até o final do século XX. Considerando qualquer tentativa de intervenção europeia no continente como um ato hostil aos Estados Unidos, a doutrina Monroe dirigia-se principalmente contra a Espanha, então uma potência imperialista, e a quem a Santa Aliança e outras monarquias europeias tentavam ajudar. Contando com a cobertura da marinha britânica, a doutrina Monroe se impôs, sobretudo porque, ao reconhecer a independência dos países sul-americanos, automaticamente o Reino Unido obtinha clientes para seus produtos, e não a Espanha.
Guerra contra o México. O território do Texas, embora pertencente ao México, fora povoado por colonos originários dos Estados Unidos, que em 1836 proclamaram a república do Texas, após derrotar as tropas comandadas pelo general Antonio López de Santa Anna, na batalha de San Jacinto. A seguir, solicitaram ao presidente Jackson reconhecimento e anexação ao território americano, obtendo apenas o primeiro. No governo de James Know (1845), o Texas passou a integrar a federação, o que tornou inevitável a guerra contra o México.
Os Estados Unidos actuavam movidos pela crença no "destino manifesto", a qual justificava, sem maiores explicações, a expansão territorial. Mas, em tese, esta se fazia em nome da necessidade de estender aos demais países o sistema de governo americano. A ideologia justificava o processo de absorção de terras e serviu de base às acções militares e políticas que repetiam, com precisão, a acção imperialista europeia à época.
Em Abril de 1846 iniciou-se a guerra contra o México, que durou até Setembro de 1847 e culminou com a ocupação da capital mexicana pelo general Winfield Scott. Pelo Tratado de Guadalupe-Hidalgo (2 de Fevereiro de 1848), firmado pelo general Santa Anna, o México foi obrigado a ceder metade de seu território – dois milhões de quilómetros quadrados - perdendo as regiões a sudoeste das montanhas Rochosas, incluindo os actuais estados da Califórnia, Novo México, Utah e Arizona. Em contrapartida, os Estados Unidos indemnizaram o México em 15 milhões de dólares. O rio Grande passou a ser a fronteira entre os dois países.
Logo após a absorção da Califórnia, em 1848, descobriram-se veios de ouro naquela região, o que provocou a célebre gold rush (corrida do ouro), que não só atraiu milhares de pessoas como provocou o povoamento de áreas limítrofes, com intensa afluência de imigrantes europeus e asiáticos.
Guerra de secessão. A actividade económica bipartia-se entre o norte industrializado e anti-escravatura e o sul, baseado na monocultura (algodão, fumo, arroz, cana-de-açúcar, todas a exigir muitos braços) e na mão-de-obra escrava. A expansão para o oeste só fez acentuar essa oposição. O debate, por parte dos novos estados, sobre aceitarem ou não a escravatura, tornou-se um tópico económico e político que mobilizou todo o país. A eleição, em 1860, pelo Partido Republicano Nacional, de Abraham Lincoln, conhecido e combativo abolicionista, materializou a ruptura entre ambas as facções. A Carolina do Sul (escravatura) separou-se da União em Dezembro de 1860. Os estados do sul (Carolina do Sul, Flórida, Louisiana, Mississippi, Alabama, Texas e Geórgia) uniram-se sob a bandeira da Confederação dos Estados da América. Jefferson Davis assumiu a presidência da confederação, que estabeleceu a capital em Richmond, Virgínia. A União reagiu e em 12 de Abril de 1810 começou a guerra: o sul, sob o comando do general Pierre Toutant de Beauregard, atacou os nortistas do forte Summer. Três dias depois, Lincoln declarou guerra aos sulistas, tendo como principal objectivo não a questão da escravatura, mas a manutenção da unidade do país. Os estados de Kentucky, Delaware, Maryland e Missouri declararam-se neutros. Virgínia, Arkansas, Tennessee e Carolina do Norte uniram-se aos confederados.
Como parte do esforço para manter coesas as forças que apoiavam a União, Lincoln baixou decreto (mais tarde incorporado à constituição como a 13ª emenda) libertando os escravos. A 14ª emenda estendeu os direitos civis a todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos ou naturalizadas. Essa norma incluía os negros, antes considerados coisas. A 15ª emenda, que implantou o sufrágio universal, viria mais tarde, com Ulysses Grant.
A guerra de secessão é considerada, após as guerras napoleónicas, a mais importante do século XIX, em face do volume de homens e armamentos nela envolvidos. O sul inicialmente teve a iniciativa e conquistou vitórias, mas o poderio industrial do norte e suas reservas humanas acabaram por reverter a situação. As batalhas de Shiloh, Vicksburg e Gettysburg foram decisivas para a vitória da União. A rendição dos exércitos sulistas, sob o comando do general Robert Lee, ao general Ulysses Grant ocorreu em Appomattox (9 de Abril de 1865). Lincoln foi reeleito e, seis dias após a rendição, em 15 de Abril, o actor John Wilkes Booth o assassinou, no teatro Ford, em Washington.
Reconstrução e crescimento económico. A guerra de secessão deixou 600.000 mortos e esfacelou a economia sulista ou confederada. A libertação dos escravos, em meio ao conflito, causou séria crise social, já que eles estavam despreparados para exercer trabalhos que não fossem manuais. Os escravocratas, grandes proprietários rurais, organizaram-se para combater a abolição, o que gerou inúmeros conflitos armados, saques e perseguições a negros e seus defensores. Nessa época surgiram organizações secretas racistas, como a temível Ku Klux Klan, e muitas vezes peque-nos conflitos resultavam em linchamentos de negros.
Eleito presidente em 1868, Ulysses Grant deu início aos planos de reconstrução económica e reconciliação política e social do país, cuja face fora mudada pela guerra civil. Antes dela, a fraqueza do poder central gerava sérios problemas estruturais. A maior parte das funções governamentais - educação, saúde, transporte e segurança pública - era exercida por autoridades estaduais ou municipais. O que mantinha o país unido era um débil sentimento de lealdade ao governo em Washington, a umas poucas instituições nacionais, como as igrejas e os partidos políticos, e à memória comum dos fundadores da nação. Com a vitória da União, os laços da unidade nacional reforçaram-se substancialmente.
O processo de reconstrução do sul perdurou até por volta de 1900, comandado inicialmente por governadores militares indicados pelo governo federal. Embora a recuperação económica tenha sido prejudicada por calamidades naturais, foi eficiente o bastante para sanar com o tempo as feridas deixadas pela guerra. O sul recuperou-se, mas sem perder sua característica essencialmente agrícola. O país em nenhum momento interrompeu o processo de expansão territorial, e em 1867 o Alasca foi comprado à Rússia por 7,5 milhões de dólares. O esforço de guerra ao longo de quatro anos deu extraordinário impulso à vocação industrial do norte, estabelecendo as bases para que o país se tornasse no início do século XX uma potência emergente. Os Estados Unidos passaram de importadores a exportadores de bens de capital e a agentes financeiros internacionais. As ferrovias estendiam-se sem parar, e no final do século XIX já havia quatro linhas transcontinentais. O capitalismo afirmava-se, tendo John Pierpont Morgan e David Rockefeller como paradigmas. O governo federal iniciou um processo de saneamento, com o fim de eliminar a corrupção e o nepotismo que imperavam. Nove milhões de imigrantes, na maioria europeus, entraram no país nas duas últimas décadas do século.
Durante o governo de William McKinley (assassinado em 1901), os Estados Unidos, em Abril de 1898, declararam guerra à Espanha, então em decadência como nação colonialista. Os espanhóis perderam as Filipinas, Cuba, Porto Rico e as ilhas Guam, recebendo em troca uma indemnização de vinte milhões de dólares. O arquipélago do Havai foi incorporado aos Estados Unidos como território.
A razão para a guerra foi a necessidade de serem resguardados os interesses americanos na região do Caribe. A extensão da guerra ao Pacífico (Filipinas, sobretudo) deveu-se à intenção de intensificar a participação no mercado asiático, principalmente China e Japão. Com este último, os Estados Unidos haviam estabelecido relações em 1854, com o Tratado de Kanagawa.
Início do século XX. Em 1901, o vice-presidente Theodore Roosevelt assumiu o governo em razão do assassinato do presidente William McKinley. Roosevelt interveio na questão do Panamá, então território colombiano. Visto que o governo dessa república sul-americana negava-se a conceder autorização para a abertura do canal, as tropas americanas, aproveitando uma revolta popular, intervieram e a região se tornou independente. A autorização para a abertura do canal foi imediatamente concedida pela nova república.
Roosevelt intensificou a oposição aos abusos cometidos pelos trustes (cartéis) que dominavam a economia do país, embora desde o governo de Benjamin Harrison (1888-1892) existisse a Sherman Anti-Trust Act (lei antitruste).
A doutrina Monroe foi aplicada à exaustão por Roosevelt: os Estados Unidos intervieram no México, Nicarágua, Honduras, Haiti, República Dominicana. Credita-se a Theodore Roosevelt a criação do "corolário" do "destino manifesto" dos Estados Unidos, pelo qual lhes era permitido intervir na política interna de qualquer país do continente, a fim de evitar acções de potências europeias. No rastro dessa política veio a "diplomacia do dólar", nada mais do que financiamentos ou empréstimos a fundo perdido em troca de favores políticos e comerciais.
O governo de Woodrow Wilson procurou amenizar esse espírito intervencionista, embora tenha interferido na guerra civil mexicana. Coube a Wilson estender à mulher o direito de votar e ser votada. A "lei seca" (Prohibition) – proibição de fabricação e consumo de bebidas alcoólicas - foi promulgada em seu período presidencial.
O fato mais marcante do governo de Wilson foi a entrada dos Estados Unidos na primeira guerra mundial (6 de abril de 1917), por causa do afundamento de navios americanos por submarinos alemães. O objectivo, do ponto de vista geopolítico, era manter o equilíbrio de poder na Europa, isto é, evitar a supremacia de uma potência sobre as demais. As forças americanas somavam dois milhões de homens, sob o comando do general John Joseph Pershing. A decisiva participação no final da guerra e o enfraquecimento europeu levaram os Estados Unidos ao primeiro plano político e económico, e o país passou a ser um dos quatro grandes do mundo, ao lado da França, Itália e Reino Unido. O Japão detinha a liderança no Oriente.
Wilson apresentou, em seu programa de 14 pontos, projecto de criação da Liga das Nações. Entretanto, com a derrota do democrata James Cox na eleição de 1920, o partido de Wilson passou o poder ao republicano Warren Harding, de tendência conservadora e isolacionista. Os Estados Unidos assinaram a paz em separado com a Alemanha, recusaram-se a ratificar o Tratado de Versalhes (da rendição alemã) e ficaram fora da Liga das Nações. O governo Harding também criou limitações à entrada de imigrantes não europeus.
Depressão e New Deal. O republicano Herbert Hoover venceu a eleição de 1928. No ano seguinte eclodiu a crise na "sexta-feira negra", 24 de Outubro de 1929, quando a bolsa de Nova York despenhou, em consequência de desastres económicos que arrasaram a ordem capitalista. A depressão provocada pelo crash (quebra) da bolsa causou o desemprego de 17 milhões de pessoas e a queda generalizada da produção. Tal situação perdurou até 1932, quando foi eleito o democrata Franklin Delano Roosevelt, que implantou o plano de reconstrução económica conhecido como New Deal (novo acordo). O plano baseava-se na forte actuação do estado na economia mediante a desvalorização do dólar, ampliação das obras públicas, como o gigantesco projecto da Tennessee Valley Authority (Autarquia do Vale do Tennessee), limitação de excedentes agrícolas e industriais, programas de financiamento a fazendeiros e rigoroso controle da actividade creditícia e financeira, cuja indisciplina foi uma das principais causas da crise. A reconstrução do país foi coordenada pela National Recovery Administration (Administração de Recuperação Nacional).
A tensão mundial (intervenção japonesa na China, 1932; intervenção italiana na Etiópia, 1935; guerra civil na Espanha, 1936; intervenção da Alemanha na Áustria, 1938) provocou uma corrida às armas, expandindo o sector bélico da indústria e, concomitantemente, injectando capitais na economia americana. Com o objectivo de manter e ampliar mercados e melhorar o perfil imperialista e intervencionista dos Estados Unidos, Roosevelt lançou a "política da boa vizinhança", dirigida à América Latina, com substanciais melhoras em relação ao cenário anterior. Os países latino-americanos passaram a ter igualdade jurídica, intervenções eram repudiadas, os governos legitimamente eleitos seriam reconhecidos.
Segunda guerra mundial. A invasão da Polónia pela Alemanha, em 1º de Setembro de 1939, determinou o início da segunda guerra mundial. Os Estados Unidos mantiveram-se oficialmente neutros até o ataque japonês, de surpresa, à base de Pearl Harbour, no Havai, em 7 de Dezembro de 1941, que destruiu boa parte da Marinha americana e provocou uma comoção nacional. Quatro dias depois os Estados Unidos declararam guerra ao Eixo (Japão, Alemanha, Itália).
Além da tendência ao isolacionismo, própria da cultura política do país, a posição neutra amparava-se numa lei que obrigava a pagamento à vista no caso de venda de equipamento e material bélico. Apenas em 1941 Roosevelt conseguiu revogá-la, o que permitiu ajuda ilimitada às forças militares britânicas.
Declarada a guerra, as primeiras vitórias no Pacífico foram dos japoneses, que conquistaram as Filipinas, Guam e Wake. A impressionante capacidade de adaptação do parque industrial americano fez com que, em pouco tempo, decuplicasse a fabricação de munições, navios, aviões, carros de combate e outros armamentos leves e pesados, enquanto os centros de recrutamento e treino recebiam milhares de cidadãos. Mais de 15 milhões de homens e mulheres foram mobilizados pelas forças armadas e milhões de pessoas, inclusive donas de casa, mudaram de actividade, para trabalhar nas fábricas. A produção industrial americana quase dobrou entre 1939 e 1945. No fim da guerra, os Estados Unidos tinham produzido 6.500 aeronaves, 296.400 aviões e 86.330 tanques. A corrida armamentista impulsionou a pesquisa científica, fazendo surgir instrumentos como o sonar e o radar, e determinou o início da utilização de uma nova e poderosa fonte de energia, a atómica.
Os países aliados assumiram a iniciativa da guerra. Em 14 de Março de 1943, os exércitos inglês e americano venceram as forças ítalo-germânicas no norte da África. Em Junho de 1944 as forças aliadas desembarcaram na Normandia, enquanto as tropas soviéticas avançavam no sector oriental. A Alemanha se rendeu em 7 de Maio de 1945 e o Japão em 2 de Setembro, após o lançamento de bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de Agosto. Na ocasião, morto Roosevelt, assumira o poder o vice-presidente Harry Truman.
Segunda metade do século XX. Com o final da guerra surgiu uma nova configuração geopolítica no mundo. Os grandes vencedores, Estados Unidos e União Soviética, emergiram como as duas superpotências mundiais. A Conferência de Potsdam, que reuniu Truman, Stalin e Churchill (depois Clement Attlee), decidiu o destino das potências derrotadas; em 24 de Outubro de 1945 instalou-se a Organização das Nações Unidas (ONU). Logo tornaram-se ostensivas as desavenças entre os aliados, surgindo os primeiros sinais do que seria a "guerra-fria", cristalização do conflito entre Estados Unidos e União Soviética ou, ainda, do capitalismo versus comunismo.
A Doutrina Truman, divulgada em 11 de Março de 1947, estabeleceu novo sistema de alianças bilaterais e multilaterais, sob a liderança dos Estados Unidos. Surgiu o Plano Marshall, assim denominado devido a seu principal arquitecto, o secretário de Estado George Marshall, e destinado à recuperação económica da Europa ocidental e do Japão.
A política de alianças fez surgir a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a SEATO (Organização do Tratado do Sudeste Asiático). Os Estados Unidos substituíram o Reino Unido, minado pela guerra, como sustentáculo económico e militar do mundo ocidental.
A guerra-fria dividiu o mundo em dois blocos. Em Junho de 1948, a União Soviética determinou o bloqueio de Berlim e os Estados Unidos responderam com a ponte aérea que durou até o fim do bloqueio, em Setembro de 1949. O episódio culminou com a divisão da Alemanha, então juridicamente um país ocupado pelos quatro grandes (Estados Unidos, União Soviética, França, Reino Unido): surgiram a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã, a primeira ligada à aliança ocidental e a segunda aos países socialistas da Europa oriental.
Em 1º de Outubro de 1949 foi proclamada a República Popular da China, com apoio soviético. Os americanos ficaram ao lado do regime de Formosa (Taiwan). Em 1950 começou a guerra da Coreia. Os Estados Unidos apoiaram a Coreia do Sul, os soviéticos a do Norte.
Internamente, a guerra-fria provocou nos Estados Unidos um fenómeno que misturava oportunismo político e exploração da histeria colectiva face ao comunismo: o macartismo, encabeçado pelo senador Joseph McCarthy, que desencadeou verdadeira caça às bruxas, isto é, a comunistas, filo comunistas ou simplesmente indivíduos denunciados sem qualquer base concreta. McCarthy acabou desacreditado, mas um de seus principais aliados, Richard Nixon, chegaria mais tarde à presidência.
Em 1952, o republicano Dwight Eisenhower, comandante supremo das forças aliadas na Europa, elegeu-se presidente e no ano seguinte acabou a guerra da Coreia, sem que o sangrento conflito tivesse sido decidido pelas armas. O secretário de Estado John Foster Dulles articulou vários tratados e alianças. Os Estados Unidos continuavam a prosperar e eram a indiscutível potência do mundo capitalista, embora a questão racial provocasse periódicas tensões e agitações, sobretudo nos estados do sul. O grande líder negro pela integração pacífica, o pastor Martin Luther King, acabaria assassinado em 1968.
Em 4 de Outubro de 1957 os soviéticos colocaram em órbita o primeiro satélite artificial. Em Abril de 1961 lançaram o primeiro homem em órbita em volta da Terra. A comoção que tais fatos provocaram nos Estados Unidos levou à criação da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço). O gigantesco esforço deu certo: em 1969 o primeiro homem a pisar na lua foi o americano Neil Armstrong. Ainda no governo Eisenhower, em 1959, a União admitiu dois novos estados, Alasca e Havai.
Eisenhower governou durante dois mandatos e foi substituído, em 1960, pelo democrata John Kennedy, criador da Aliança para o Progresso (1961), programa assistencial à América Latina, destinado a combater o antiamericanismo decorrente da vitória da revolução cubana. A Aliança teve efémera duração e mínimos efeitos, o mesmo ocorrendo com outro projecto integracionista, o Corpo de Voluntários da Paz (Peace Corps). Em Abril de 1961, malogrou a tentativa de exilados anticastristas, apoiados pelo governo Kennedy, de invadir Cuba, pela baía dos Porcos. Não foram bem-sucedidos. Em Outubro de 1962, depois de anunciar a instalação, pelos soviéticos, de bases de mísseis em Cuba, Kennedy determinou o bloqueio naval da ilha, conseguindo que as bases fossem desmontadas. No mesmo ano a OEA (Organização dos Estados Americanos) votou pela exclusão de Cuba. Kennedy também lançou o projecto Nova Fronteira, destinado a revigorar a economia e melhorar a imagem externa dos Estados Unidos.
Assassinado Kennedy em 1963, assumiu o vice-presidente Lyndon Johnson, que logo anunciou o projecto Great Society (Grande Sociedade), uma forma de reconstruir o New Deal de Franklin D. Roosevelt. Além disso, comprometeu decisivamente os Estados Unidos na guerra do Vietname. Seu sucessor, Richard Nixon, assumiu em 1969 e não pôde impedir a derrota americana no Vietname, consumada em Abril de 1975. A guerra do Vietname foi um dos fatos mais traumáticos da história dos Estados Unidos e dividiu o país. A oposição à guerra atingiu o clímax no inverno de 1967-1968, quando as baixas aumentavam e a vitória militar começava a ficar cada vez mais distante. A partir daí as manifestações de rua se sucederam, culminando com violentos distúrbios em Chicago. O conflito criou um profundo fosso entre "pombos" (pacifistas) e "falcões" (belicistas) e essa animosidade entre duas parcelas da população iria perdurar nos anos seguintes, como parte da crise social. O vice-presidente de Nixon, Spiro Agnew, foi obrigado a renunciar em Outubro de 1973, por sonegação do imposto de renda. O próprio Nixon acabou forçado a renunciar, em Agosto de 1974, devido ao escândalo político de Watergate, em que a imprensa desempenhou um papel investigatório decisivo. Seu sucessor, Gerald Ford, amnistiou-o de todos os crimes federais.
Em Janeiro de 1977 Jimmy Carter sucedeu a Ford na Casa Branca e destacou-se pela ênfase dada à política de protecção aos direitos humanos e aos esforços para obter a paz no Oriente Médio entre árabes e judeus. O acordo de Camp David, por ele patrocinado, foi um importante passo rumo ao entendimento, ao fazer cessar as hostilidades entre Egipto e Israel.
O governo Carter decidiu pela devolução da zona do canal do Panamá, marcada para 1999, e reconheceu o governo chinês, rompendo ao mesmo tempo com Formosa. Iranianos invadiram a embaixada americana em Teerão, fazendo 54 reféns. Uma tentativa de salvá-los redundou em fracasso.
A opinião pública reagiu elegendo, em 1980, o republicano Ronald Reagan, ex-actor de cinema e ex-governador da Califórnia, em cujo primeiro dia de governo os reféns foram libertados. Reagan convocou uma "revolução conservadora" e foi reeleito por ampla margem em 1984. Reagan levou a efeito uma política interna baseada na liberalização da economia e no controle da inflação, bem como uma política externa tendente a recuperar o prestígio dos Estados Unidos. Criou o programa estratégico de defesa conhecido como "guerra nas estrelas", oficialmente intitulado Iniciativa de Defesa Estratégica (Strategic Defense Iniciative), posteriormente abandonado.
Reagan estabeleceu boas relações com a União Soviética e a China, prosseguindo os esforços de presidentes anteriores. O presidente esteve envolvido no obscuro episódio conhecido como "Irangate", intrincado negócio ligado a armas, dinheiro e reféns, tendo como cenário o Irão, a Nicarágua e os "contras", opositores da revolução nicaraguense. O escândalo resultou na condenação de alguns acusados.
Na eleição presidencial de 1988 foi eleito o republicano George Bush, ex-embaixador na China e ex-director da CIA (Agência Central de Informações). Em seu governo houve um recrudescimento da crise económica, a dívida interna aumentou e adoptou-se uma agressiva política externa, em especial quanto à Líbia, o Iraque e a Síria. Repetindo uma atitude de Reagan, que optara pela ocupação da ilha de Granada, em Dezembro de 1989 Bush ordenou a intervenção militar no Panamá, a fim de depor o dirigente Manuel Antonio Noriega. Interveio também, com recursos financeiros, humanos e armamentos, nos negócios internos da Nicarágua. Em começos de 1991, tropas americanas lideraram uma força internacional que expulsou o Exército iraquiano do território do Kuwait, invadido em Agosto do ano anterior.
Em 1992 foi eleito o democrata Bill Clinton, que no ano seguinte promoveu na Casa Branca um fato de grande significado histórico: o reconhecimento do Estado de Israel por parte da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e, por parte de Israel, o reconhecimento de que a OLP era o único porta-voz do povo palestino. No plano interno, defrontou-se com a persistência da recessão. Na área externa, ocupou militarmente o Haiti em 1994, para reinstalar o presidente deposto.
Por Paulo Henrique Matos de Jesus; Pesquisa e revisão de LCB

16 dezembro 2010

Carlos Pinto Coelho



Carlos Nuno de Abreu Pinto Coelho (1944 – 2010) nasceu em Lisboa e foi viver para Moçambique ainda bebé. Aí viveu até aos 19 anos, altura em que trocou Lourenço Marques (actual Maputo) por Lisboa para estudar na universidade. Ao quinto ano desistiu de Direito e ingressou no jornalismo.
Carlos Pinto Coelho cumpriu a sua missão (faleceu).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Pinto_Coelho

12 dezembro 2010

A lição de Mourinho


Não se é o melhor de nada, se não se souber História.
José Mourinho, um dos melhores treinadores de futebol de sempre, deu uma lição e mostrou como a História está sempre presente no quotidiano, ao impertinente jogador Daniel Alves.
Abra a hiperligação do link e veja como foi:
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasDesporto/2010/12/jose-mourinho-responde-a-criticas-de-arbitro-e-de-daniel-alves11-12-2010-171321.htm

06 dezembro 2010

Mundos Paralelos


Você, leitor, acredita que o Poder Central manda em tudo? Olhe que não! Apesar disso, manda, e manda muito. Por vezes demais. Mete o nariz onde não é chamado. Controla as finanças, a economia, a educação, a saúde, a defesa, a representação do Estado, sei lá que mais…
Mas você, leitor, já ouviu falar no adágio popular: longe da vista, longe do coração? É o que se passa longe da capital, onde estão instalados os Poderes Locais, tão queridos quando queremos glosar os excessos do centralismo, mas tão mesquinhos quando se ateiem ao compadrio, à cunha, à maledicência, à protecção dos afilhados da força política localmente dominante.
E as pessoas, o que acontece às pessoas?
Rejubilam ou definham conforme são ou não da cor dominante.
Calculo que haverá muita hipocrisia, muito ressentimento, muita inveja, por esse país fora, apesar de serem da mesma cor do centrão. Agora imaginem o que é viver e trabalhar numa zona ao avesso do Poder Central, nestes últimos 34 anos!
O Poder Local esmaga, tritura, quem não for dos deles. Estão a pensar que isso se fica pelo domínio político? Não, não fica. Invade a esfera familiar, social, cultural, laboral… Primeiro identificam, depois cercam, por fim reduzem a pó quem ousa pensar diferente. Por isso tantos se acobardam, tantos fingem, uns poucos resistem. O centrão está tão entretido, com jogos de poder, nas capelinhas da capital, que não quer saber verdadeiramente daqueles outros que são a sua seiva. Lembram-se apenas de 4 em 4 anos…
Então para quê resistir? Coerência, resiliência, formação, espinha vertical, é o que explica, apesar de tudo, que homens e mulheres tão maltratados aguentem com estoicismo e vivam e trabalhem nestes Mundos Paralelos.