Historicando

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06 dezembro 2010

Mundos Paralelos


Você, leitor, acredita que o Poder Central manda em tudo? Olhe que não! Apesar disso, manda, e manda muito. Por vezes demais. Mete o nariz onde não é chamado. Controla as finanças, a economia, a educação, a saúde, a defesa, a representação do Estado, sei lá que mais…
Mas você, leitor, já ouviu falar no adágio popular: longe da vista, longe do coração? É o que se passa longe da capital, onde estão instalados os Poderes Locais, tão queridos quando queremos glosar os excessos do centralismo, mas tão mesquinhos quando se ateiem ao compadrio, à cunha, à maledicência, à protecção dos afilhados da força política localmente dominante.
E as pessoas, o que acontece às pessoas?
Rejubilam ou definham conforme são ou não da cor dominante.
Calculo que haverá muita hipocrisia, muito ressentimento, muita inveja, por esse país fora, apesar de serem da mesma cor do centrão. Agora imaginem o que é viver e trabalhar numa zona ao avesso do Poder Central, nestes últimos 34 anos!
O Poder Local esmaga, tritura, quem não for dos deles. Estão a pensar que isso se fica pelo domínio político? Não, não fica. Invade a esfera familiar, social, cultural, laboral… Primeiro identificam, depois cercam, por fim reduzem a pó quem ousa pensar diferente. Por isso tantos se acobardam, tantos fingem, uns poucos resistem. O centrão está tão entretido, com jogos de poder, nas capelinhas da capital, que não quer saber verdadeiramente daqueles outros que são a sua seiva. Lembram-se apenas de 4 em 4 anos…
Então para quê resistir? Coerência, resiliência, formação, espinha vertical, é o que explica, apesar de tudo, que homens e mulheres tão maltratados aguentem com estoicismo e vivam e trabalhem nestes Mundos Paralelos.