Licenciou-se e doutorou-se em Medicina, em 1968 e 1983, respectivamente, pela Universidade de Lisboa. Entre 1971 e 1984 viveu em Nova Iorque, onde foi bolseiro da Comissão Fullbright e professor associado no Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Columbia. Em 1984 ascendeu a professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde foi eleito presidente do Conselho Científico, em 1996. No mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa. Foi eleito presidente da Sociedade Europeia de Neurocirurgia, em 1999, e presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, em 2000. Foi também professor convidado da Universidade de Pequim, na China, em 2001. Actualmente é director do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, presidente da Academia Portuguesa de Medicina e do Instituto de Medicina Molecular. João Lobo Antunes, que se tem dedicado ao estudo do hipotálamo e da hipófise, foi o primeiro médico a implantar o olho electrónico num invisual, em 1983. Tem publicados mais de uma centena de artigos científicos, além de quatro livros de ensaios, Um modo de ser, em 1996, Numa cidade feliz, em 1999, Memória de Nova Iorque e outros ensaios, em 2002, e Sobre a mão e outros ensaios, em 2005. Foi mandatário nacional das candidaturas a Presidente da República de Jorge Sampaio, em 1996, e de Cavaco Silva, em 2006. Desde 2006 integra o Conselho de Estado.
Médico faz 70 anos na quarta-feira, nesta terça deu a última lição na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Uma plateia cheia ouviu-o falar sobre o tempo, a educação e o sentido da vida.
O neurocirurgião e professor de medicina João Lobo Antunes jubilou-se nesta terça-feira, um dia antes de fazer 70 anos. Na sua última aula, no auditório Egas Moniz do Instituto de Medicina Molecular, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), o prémio Pessoa de 1996 abriu as portas para o seu passado. Durante mais de uma hora, falou sobre o sentido da vida, enalteceu as qualidades de uma educação liberal, fez rir uma plateia que transbordava e falou da sua arte: a cirurgia. Após os aplausos, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, condecorou o neurocirurgião com a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, que distingue o mérito literário, científico e artístico.
“O tempo passou tão depressa”, desabafou João Lobo Antunes, no início da sua última lição. O neurocirurgião chamou à sua lição de Uma vida examinada.
Diz-se um produto da “educação liberal”, onde se aprende a “saber ouvir”, mas também a ler, a compreender, a falar com qualquer pessoa, a escrever de forma prática, humilde, clara, a reconhecer uma variedade de problemas quando se analisa um tema e, finalmente, a “relacionar tudo e tudo saber articular”.
O futuro vai continuar a passar pelo bloco operatório, mas também pelos dias dedicados à famílias, tal como sempre fez, sublinhou João Lobo Antunes.
Um dos mais inteligentes seres humanos de Portugal.