Deviam ser feitos estudos sérios sobre as causas de doenças e mortes entre professores. O trabalho desgastante e as situações de desrespeito e humilhação a que muitos são sujeitos na sua actividade profissional conduzem a situações de forte stresse, depressões, ansiedade, picos de tensão, acidentes vasculares cerebrais e a outro tipo de complicações.
Nos tempos que correm é quase proibido estar doente, pelos problemas que isso levanta, quer a quem adoece, quer a quem terá de o substituir. Por isso, muitos professores andam como zombies por corredores e salas de aulas, mesmo doentes, arrastando os pés ao ritmo que a medicação e a desmotivação permitem. Embora de pé, muitos entre nós estão tombados por dentro há muito tempo.
Certamente os suicídios não se confinam aos dois ou três casos que vieram a público, de professores com “historial de distúrbios”, como alguns órgãos de comunicação divulgaram. Mas mesmo que um ou outro os tivesse, seria conveniente averiguar as suas verdadeiras origens.
Além dos suicídios silenciosos, levados a cabo em casa, longe dos olhos de outros, seria interessante fazer uma investigação séria em torno daqueles que morrem nas estradas, durante as (muitas vezes longas) viagens de casa para a escola e vice-versa, por vezes em circunstâncias “difíceis de explicar”. E há ainda as doenças súbitas ou mortes de quem acabou um dia de trabalho, de quem se sentiu mal no decorrer do dia ou se finou mesmo no local de trabalho.
Não se duvide que nos tempos que correm morre-se por se dar aulas, seja por suicídio, acidente ou por “doença” devida ao acumular de tanta pressão e desrespeito. E os que não morrem no imediato vão perdendo anos de vida. Mas isso nada importa a quem governa. Morre um, logo outro está em fila para o substituir, e a mais baixo custo. As pessoas deixaram de importar. Professores e alunos. Pessoas, em geral…
António Galrinho
Professor
Abril 19, 2012
Opiniões – António Galrinho
Posted by Paulo Guinote under Educação, Opiniões
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