A madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, assinala o início da luta armada em Angola – Revolta de Luanda. Faz hoje 50 anos começou a Guerra Colonial. Luanda estava cheia de jornalistas estrangeiros à espera do paquete Santa Maria, tomado de assalto por Henrique Galvão (na madrugada de 22 de Janeiro) com o propósito de o desviar para a capital de Angola. Tal não aconteceu porque a Marinha americana o impediu, obrigando Galvão a inverter a rota e desembarcar no Recife. Mas, nesse longínquo 4 de Fevereiro de 1961, Luanda era o epicentro dos media internacionais. Concertada com a estratégia de Galvão, a data era perfeita.
Nesse dia, grupos de nacionalistas negros atacaram a Casa de Reclusão Militar, a Cadeia de São Paulo, os Correios, a 7.ª Esquadra da PSP e o Aeroporto. Tudo terá começado às duas da madrugada, na noite de 3 para 4. Presos em liberdade, caos, mortos, feridos. Nova onda de ataques (na cidade) no dia 11. Um padre, o cónego Manuel das Neves, passou à história como mentor do putch. Para a memória colectiva ficaram os massacres de 15 de Março, que afectaram as populações de uma área superior à de Portugal: St António do Zaire, São Salvador do Congo, Maquela do Zombo, Ambrizete, Negaje, Mucaba, Sanza-Pombo, Uíge, Cuanza e Baixa do Cassange. Povoações saqueadas e destruídas, viaturas e explorações agrícolas incendiadas, animais domésticos mortos, homens decapitados, mulheres violadas e esventradas, crianças cortadas aos bocados, linhas férreas sabotadas, etc. O número de mortos oscila entre 4000 e 6000 (sendo os brancos cerca de 1200). Daí o célebre Para Angola, rapidamente e em força, de Salazar.