Historicando

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05 fevereiro 2008

Carta do Papa Bento XVI

Carta do Papa Bento XVI sobre a tarefa urgente da educação
2008/01/29
Agência Zenit
(...)Pois bem, educar nunca foi fácil e hoje parece ser cada vez mais difícil. Este facto é bem conhecido pelos pais de família, professores, sacerdotes e todos os que têm responsabilidades educativas directas. Fala-se, por este motivo, de uma grande «emergência educativa», confirmada pelos fracassos que os nossos esforços encontram com muita frequência para formar pessoas sólidas, capazes de colaborar com os outros e de dar um sentido à própria vida. Então atribui-se a culpa espontaneamente nas novas gerações, como se as crianças que hoje nascem fossem diferentes das que nasciam no passado. Fala-se também de uma «fractura entre as gerações», que certamente existe e tem o seu peso, mas é mais o efeito e não a causa da falta de transmissão de certezas e de valores.(...)
Agora, quando se abalam os fundamentos e faltam certezas essenciais, a necessidade desses valores é sentida de maneira urgente: concretamente, aumenta hoje a exigência de uma educação que possa ser considerada como tal. É pedida pelos pais, preocupados e com frequência angustiados pelo futuro dos seus filhos; é pedida por tantos professores, que vivem a triste experiência da degradação das suas escolas; é pedida pela sociedade no seu conjunto, que vê como se põem em dúvida as próprias bases da convivência; é pedida na sua intimidade pelos próprios jovens, que não querem ficar abandonados diante dos desafios da vida.(...)
Deste modo, queridos amigos de Roma, chegamos ao ponto que talvez seja o mais delicado na obra educativa: encontrar o equilíbrio adequado entre liberdade e disciplina. Sem regras de comportamento e de vida, aplicadas dia após dia em pequenas coisas, não se forma o carácter e não se prepara para enfrentar as provas que não faltarão no futuro. A relação educativa é, antes de mais nada, o encontro entre duas liberdades, e a educação conseguida é uma formação para o uso correcto da liberdade. Na medida em que a criança vai crescendo, ela converte-se num adolescente e depois num jovem; temos de aceitar, portanto, o risco da liberdade, permanecendo sempre atentos para ajudar os jovens a corrigir ideias ou decisões equivocadas. O que nunca podemos fazer é apoiá-los nos erros, fingir que não os vemos ou, pior ainda, compartilhá-los, como se fossem as novas fronteiras do progresso humano.A educação não pode prescindir do prestígio que torna fiável o exercício da autoridade. Esta é fruto de experiência e competência, mas conquista-se sobretudo com a coerência da própria vida e com o envolvimento pessoal, expressão do amor autêntico. O educador é, portanto, uma testemunha da verdade e do bem: certamente ele também é frágil e pode ter falhas, mas procurará estar sempre novamente em sintonia com a sua missão.(...)
Vaticano, 21 de Janeiro de 2008.
BENEDICTUS PP. XVI