Portugal é o segundo país da OCDE que menos tempo dedica à Matemática e às competências da língua materna no currículo do 2º ciclo do ensino básico, de acordo com o relatório «Panorama da Educação 2007», esta terça-feira divulgado.
Segundo o estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que refere dados de 2005, apenas 12 por cento do currículo dos alunos portugueses entre os nove e os 11 anos é dedicado à Matemática, menos quatro pontos percentuais do que a média dos países analisados.
Com nove por cento do currículo atribuído à disciplina, só a Austrália dedica menos tempo à Matemática neste nível do ensino do que Portugal, que nesta lista surge na mesma posição do que a Irlanda.
Por oposição, México (25 por cento), Inglaterra (22 por cento), Bélgica, Holanda e República Checa (todos com 19 por cento) surgem no cimo da lista dos países que mais tempo consagram aos números no ensino dos alunos daquela faixa etária.
Também no que concerne às competências ligadas à língua materna, como a leitura e a escrita, Portugal volta a ser o segundo país da organização com menor percentagem do currículo do 2º ciclo dedicado a estas matérias - apenas 15 por cento, menos oito pontos percentuais do que a média da organização.
À semelhança do que acontece com a Matemática, também nesta área só a Austrália impede que Portugal ocupe o último lugar, atribuindo à sua língua materna apenas 13 por cento do currículo.
França, com 31 por cento, e Holanda e México (ambos com 30 por cento) são, por contraste, os países que mais aulas dedicam à língua materna, seguidos da Irlanda e da Grécia, com 29 por cento.
Já na área das artes, o caso muda de figura em relação a Portugal: o país dedica à matéria 18 por cento do currículo do segundo ciclo, enquanto a média dos 31 países da OCDE não vai além dos 12 por cento.
Neste campo, só a Dinamarca, com 21 por cento do currículo dedicado às artes, bate Portugal.
Também no tempo consagrado às línguas estrangeiras o país ocupa uma posição acima da média da organização (11 por cento, contra sete por cento), o mesmo acontecendo com as ciências e a educação física (ambas com uma relação de nove por cento para oito da OCDE).
Da mesma forma, no que diz respeito aos alunos entre os 12 e os 14 anos (terceiro ciclo), Portugal supera igualmente a média da OCDE no tempo dedicado às ciências, línguas estrangeiras e educação física, ficando abaixo nas competências da língua materna, Matemática e artes, matéria onde se regista uma quebra acentuada em relação ao segundo ciclo, passando de 18 para sete por cento.
O estudo «Panorama da Educação 2007» apenas divulga dados sobre o currículo destas duas faixas etárias.
De acordo com a pesquisa, os alunos portugueses entre os nove e os 11 anos passam cerca de 866 horas por ano em aulas, mais 27 do que a média, enquanto os do terceiro ciclo (entre os 12 e os 14 anos) despendem na escola 905, menos 26 do que, em média, os colegas dos restantes países da OCDE.
No total, as crianças e jovens portugueses entre os sete e os 14 anos passam cerca de sete mil horas a aprender, ligeiramente mais do que a média da organização, situada nas 6.898.
In Portugal Diário - 19/09/2007